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Aparelho da Abin permite escutas, diz Jobim à CPI

Por Eugênia Lopes
Atualização:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reafirmou hoje, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, que o equipamento comprado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) permite a realização de interceptações telefônicas. "O prospecto diz que faz interceptação. Agora não sei se a Abin comprou o equipamento com todas as especificações", disse o ministro, sobre o Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System, um interceptador digital "passivo e ativo" dos sistemas CDMA e GSM. Ele levou à CPI cinco folhas de papel com anúncios de equipamentos que teriam sido comprados pela Abin em 2006, por meio da Comissão de Compras do Exército em Washington, nos Estados Unidos. Esses foram os documentos entregues pelo ministro da Defesa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que comprovariam a compra de aparelhos pela Abin capazes de fazer escuta telefônica. Porém, Jobim afirmou não ter o laudo com o resultado da perícia feita nos equipamentos da Abin, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ministro Jorge Félix disse, em depoimento no Senado, que Jobim tinha o resultado da perícia e iria apresentá-la à CPI dos Grampos. Ainda no depoimento, Jobim deixou claro que a mistura de arapongas com investigação criminal provocou a queda da cúpula da Abin. Para o ministro, os agentes do órgão não poderiam ter participado do processo investigatório da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito da capital paulista Celso Pitta, entre outros. Há três semanas, por sugestão dele, o presidente Lula afastou a direção da Abin sob a suspeita de a agência ter feito escutas ilegais durante a operação da PF. "Não compete a Abin fazer investigação de crime comum. Utilizaram agentes da Abin em desvio de função. Crime comum é assunto exclusivamente policial", afirmou o ministro.

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