Ao renunciar, Costa Neto repete gesto de 2005

A diferença é que agora ele está enquadrado pela Lei da Ficha Limpa e fica inelegível até 2029, quando terá 80 anos

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Por Ricardo Brito
Atualização:

Ao renunciar ao cargo de deputado federal, após ter decretada sua prisão por envolvimento no mensalão, o deputado Valdemar Costa Neto repete o gesto feito há oito anos, quando foi denunciado por ter recebido dinheiro do mensalão. A diferença entre os dois momentos é que, enquanto em 2005 ele preservou os direitos políticos e se reelegeu duas vezes, o cacique do PR - agora enquadrado na Lei da Ficha Limpa - ficará inelegível até 2029 e dificilmente voltará a vida pública, pois só será reabilitado politicamente aos 80 anos.

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Há oito anos, o então presidente do extinto Partido Liberal renunciou à Câmara ao admitir que havia recebido dinheiro irregular do Partido dos Trabalhadores com a justificativa de cobrir despesas de campanha. O PL firmou com o PT a chapa presidencial vencedora de Lula com José Alencar. "Fui induzido ao erro quando aceitei receber recursos destinados à campanha sem a devida documentação que oficializasse a doação", discursou Valdemar na época.

Na segunda despedida da Câmara, após uma reeleição que contou com o voto "puxador" do palhaço Tiririca e um mandato voltado para atuação nos bastidores, Valdemar não subiu à tribuna. Ele se valeu do colega de partido Luciano Castro (RR) para dizer, em carta, que iria pagar por "faltas" que reconheceu.

Afirmou ter sido condenado por crimes que não cometeu - punições por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e ainda pagar multa de R$ 1 milhão. "Serenamente passo a cumprir uma sentença de culpa, flagrantemente destituída do sagrado direito ao duplo grau de jurisdição", leu Castro, diante de um plenário praticamente vazio.

O agora ex-deputado do PR disse que não cogitou "impor ao Parlamento a oportunidade de mais um constrangimento institucional".

Assim, Costa Neto segue os passos do ex-presidente do PT José Genoino (SP), que há dois dias renunciou o mandato na Câmara dos Deputados. Ele conclamou o Poder Legislativo a tomar "providências enérgicas" e ter "coragem para enfrentar os déspotas" - numa crítica indireta ao Supremo.

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