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Ao ‘Estado’, Moro defendeu ida a Brasília para consolidar avanços anticorrupção; reveja entrevistas

Relembre as principais entrevistas do agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

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Por Redação
Atualização:

Oitavo ministro a deixar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – somando-se a Gustavo Bebianno, Ricardo Vélez, Santos Cruz, Floriano Peixoto, Gustavo Canuto, Osmar Terra e Luiz Henrique MandettaSérgio Moro, que deixou a pasta da Justiça e Segurança Pública nesta sexta-feira, dia 24, tinha defendido ao Estado a sua ida a Brasília, para “consolidar os avanços anticorrupção” da Operação Lava Jato

Ele ficou no cargo por 478 dias. Em sua primeira entrevista como ministro ao jornal, em março de 2019, ele falou que o avanço que desejava “só pode ser feito em Brasília, concomitantemente com políticas de redução de crimes violentos e de enfrentamento do crime organizado.”

Ex-ministro da Justiça Sérgio Moro Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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Na ocasião, também defendeu a junção das áreas da Justiça com a da Segurança Pública – algo que foi quase revertido por Bolsonaro, gerando uma das crises entre o titular da pasta e o mandatário.

“A reunião de diversos órgãos e secretarias encarregadas de setores específicos da segurança pública é essencial. Outro exemplo, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) tem uma atribuição importante – e que estamos fortalecendo – de gestão de bens sequestrados e confiscados do tráfico de drogas. O tráfico de drogas gera, infelizmente, muitos lucros, e confiscar o patrimônio do criminoso é uma estratégia importante para prevenir o tráfico”, afirmou na época, com cerca de 70 dias em Brasília.

Duas semanas depois, novamente ao Estado, Moro falou das “rusgas” do “mundo político”. Perguntado sobre críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao seu pacote anticrime, ele afirmou que o episódio havia sido “superdimensionado”.

“Esse episódio foi superdimensionado. Nesse mundo político existem rusgas. (Você) Pega uma pessoa num mau dia e acaba fazendo alguma declaração mais áspera. Não estou dizendo dele, estou dizendo em geral, inclusive de mim. Essas tensões têm que ser contornadas pelo diálogo. Ainda tenho muita fé, acredito que o projeto (anticrime) vai ser aprovado no Congresso ainda neste ano. Claro que o tempo é que decide a pauta e o tempo são os presidentes das duas Casas, mas o que tenho visto dos parlamentares em geral é apoio à medida”, disse.

Um dos três projetos que compõem o pacote foi de fato aprovado, mas os parlamentares aproveitaram a pauta para incluir alguns itens, como o juiz de garantias, com os quais Moro se opunha.

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Sua maior crise no governo aconteceu em junho de 2019, quando ele virou alvo de hackers que vazaram diálogos atribuídos a ele e a procuradores da Lava Jato que sugeriam que ele, enquanto era o juiz encarregado da operação, orientava ilegalmente as ações da força-tarefa.

Em entrevista ao Estado, Moro afirmou que não iria se afastar do cargo e desafiou os veículos da imprensa de posse do material vazado a publicar todo o conteúdo. Perguntado se cogitou sair, respondeu: “Não, eu me afastaria se houvesse uma situação que levasse à conclusão de que tenha havido um comportamento impróprio da minha parte. Acho que é o contrário. Agora estou em uma outra situação, estou como ministro da Justiça, não mais como juiz, mas tudo o que eu fiz naquele período foi resultado de um trabalho difícil. E nós sempre agimos ali estritamente conforme a lei.”

A crise ficou apelidada de “Vaza Jato”, mas não derrubou o então ministro do cargo.

Em agosto do mesmo ano, Moro defendeu que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria manter a possibilidade de prisão quando houvesse condenação em segunda instância. “Com todo o respeito ao Supremo, seria, no entanto, lamentável se isso ocorresse”, defendeu

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Dois meses depois, no entanto, em novembro, o tribunal derrubou a possibilidade e abriu caminho para a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso desde abril de 2018 por ordem do próprio Moro.

Em outubro, na entrevista mais recente ao Estado, o agora ex-ministro afirmou que não via possibilidade de anulações na Operação Lava Jato em resposta à crise da Vaza Jato. “Existe uma invasão criminosa de aparelhos celulares dos procuradores (da força-tarefa da Lava Jato), supostas mensagens cuja autenticidade não foi verificada. Tirando todo o sensacionalismo, no que eu vejo que foi divulgado não existe nada que justifique a afirmação de afetação da imparcialidade da minha parte”, disse.

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