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ANJ repudia quebra de sigilo telefônico da Folha

Delegado se defende: diz que pedido não foi intencional e, por isso, os dados referentes ao jornal foram descartados ?por não serem objeto de investigação?

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu sua posição hoje em relação ao pedido da Polícia Federal para quebra de sigilos telefônicos de profissionais do jornal Folha de S. Paulo. A nota assinada pelo vice-presidente da associação, Júlio César Mesquita, defende o veículo, que está sendo investigado pela PF em razão do escândalo do "Dossiê", que seria comprado por petistas para prejudicar candidatos tucanos em meio à disputa presidencial nas eleições. Segundo Mesquita, autor da nota, a quebra do sigilo pode expor os profissionais e quebrar princípios jornalísticos. "A ANJ lamenta que a quebra do sigilo telefônico exponha os contatos telefônicos feitos pelos profissionais da Folha. Nunca é demais lembrar que o sigilo da fonte é parte essencial do livre exercício do jornalismo, conforme determina a Constituição", afirma. Para o vice-presidente da entidade, os sistemas judiciário e policial "deveriam atentar para as conseqüências da autorização e execução da quebra de sigilo telefônico e buscar critérios mais adequados". Por último, Mesquita afirma que a ANJ se solidariza com o veículo de comunicação e seus respectivos profissionais. "A ANJ se solidariza com a Folha e seus profissionais e espera que episódios, como esse, não se repitam". Pedido feito O delegado da Polícia Federal, Diógenes Curado Filho, responsável pela investigação da operação de compra do dossiê pelo PT contra políticos tucanos, pediu nesta quarta-feira, dia 8, a quebra do sigilo dos extratos telefônicos do jornal Folha de S. Paulo no período de agosto e setembro. Ele afirmou que o pedido de quebra de sigilo não foi intencional e, por isso, os dados referentes ao jornal foram descartados ?por não serem objeto de investigação?. Um dos números de telefone da Folha de S. Paulo - um ramal instalado em um dos comitês de imprensa do Congresso, em Brasília - constava da memória de um dos aparelhos celulares de Gedimar Passos, preso no dia 15 de setembro no Hotel Íbis, em São Paulo, com parte do dinheiro destinado à compra do dossiê. O delegado diz que o pedido de quebra do sigilo dos extratos à Justiça não foi intencional. Com o objetivo de dar agilidade às investigações, Curado requereu à Justiça Federal de Mato Grosso um pedido de quebra dos sigilos telefônicos de Gedimar Passos e dos extratos e cadastros, de uma só vez, de todos os telefones que trocaram chamadas com os aparelhos em poder dele identificados pela perícia da PF. O diretor jurídico da Folha, Orlando Molina, disse que pedirá à Justiça que revogue a autorização de quebra, alegando ?monitoramento abusivo das atividades jornalísticas?. ?A quebra configura violação do sigilo de fonte garantido pela Constituição.?

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