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Anastasia argumenta que áudios de Jucá fogem ao tema do processo de impeachment

Delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, é a principal aposta da defesa da presidente afastada; parecer ainda precisa ser votado pelos demais senadores da comissão

Foto do author Julia Lindner
Por Isabela Bonfim e Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - O relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresentou parecer contrário à inclusão da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com os áudios do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no processo. Essa é a principal aposta da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff.

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De acordo com Anastasia, esses arquivos fogem do tema do processo de impeachment. Da mesma forma, ele também negou ouvir como testemunhas o doleiro Alberto Yousseff e o dono da UTC, Ricardo Pessoa, que foram requisitadas pela acusação.

"Essa é a tese fundamental da defesa. Se aprovarem esse parecer, será a maior violência institucional promovida até hoje no Congresso. Foge ao tema do processo mostrar que isso foi uma grande farsa?", argumentou o ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.

O parecer do relator precisa ser votado pelos demais senadores da comissão de impeachment, entretanto, a base governista de Temer tem maioria no colegiado.

José Eduardo Cardozo, advogado de defesa de DIlma, e Antonio Anastasia, relator do processo de impeachment Foto: Dida Sampaio|Estadão

O relator acolheu apenas parcialmente os requerimentos tanto da defesa quanto da acusação. Ele aceitou que sejam ouvidas autoridades do governo federal na gestão Dilma, como o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Anastasia negou o pedido de perícia e auditoria externa, internacional, para analisar as contas presidenciais de 2015. A defesa havia alegado que o Tribunal de Contas da União (TCU) não dispõe da independência e imparcialidade necessárias. 

O relator alegou que o TCU é o órgão responsável para analisar as contas presidenciais e que a defesa não delimita o que exatamente deve ser periciado. Ele sugere que a defesa delimite a perícia e faça novo pedido.

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Anastasia também requisitou diversos documentos que não haviam sido mencionados pela defesa e acusação. São cópias de documentos, perícias e estudos do Banco Central, do TCU e do Tesouro Nacional que possam mostrar autoria das pedaladas fiscais e impactos da edição de créditos suplementares para a situação fiscal. 

Interrogatório. Anastasia também requer que a presidente afastada Dilma Rousseff seja convocada para interrogatório na comissão especial do impeachment. 

O interrogatório já estava previsto no cronograma apresentado por ele na semana passada. Entretanto, a fase não é obrigatória e Cardozo disse que iria avaliar a situação. Caso essa convocação seja aprovada no parecer do relator, a presidente pode ser obrigada a comparecer.