
10 de junho de 2011 | 17h55
Carlos Melo afirma que, ao colocar Ideli no lugar de Luiz Sérgio na articulação política, a presidente Dilma dá um recado de que não haverá balcão de negociações com o Congresso. "A Ideli, que é um tanto truculenta nas negociações, é uma pessoa que vai defender os interesses do governo. Se os partidos esperavam alguém que atendesse suas reivindicações, a Dilma negou isso", diz.
De acordo com ele, a presidente muda apenas os nomes na Esplanada dos Ministérios - Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil, e agora Luiz Sérgio, nas Relações Institucionais -, e não o modelo de articulação política. Por essa análise, Melo prevê mais crises políticas no caminho do governo Dilma. "O perfil da Ideli é diferente do perfil do Luiz Sérgio, mas a presidente não muda a filosofia que estava na mão do Palocci. Muda os atores, mas não a atitude. A Dilma esta pegando as funções do Palocci e dividindo entre duas pessoas", afirma. Para ele, a ex-senadora vai ter que encontrar a medida certa do tom nas suas negociações. "Ela vai ter que tencionar sem quebrar."
Já Marco Antonio Carvalho Teixeira têm uma posição diferente. De acordo com ele, apesar do histórico "bélico" de Ideli quando esteve no Senado, seu cargo à frente do Ministério da Pesca e Aquicultura lhe deu experiência para trabalhar as negociações sob outra perspectiva. "Essa experiência no Ministério deve ter agregado a ela maior capacidade de circular entre os parlamentares", diz.
O cientista político reconhece que a ex-senadora "deve ter deixado muitos ressentimentos" no Congresso. "Mas, olhando à distância, ela no Ministério da Pesca se sentou para negociar com o Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo pelo PSDB) e outros líderes da oposição." A respeito das relações de Ideli com o PMDB, partido aliado que tem sido motivo de dor de cabeça para Dilma, Teixeira não vê maiores dificuldades. "É mais fácil que o trânsito com a oposição", afirma.
Para ele, o primeiro desafio da ex-senadora na articulação política do governo é recompor a base e recuperar a confiança das legendas da base, abalada principalmente depois da votação do Código Florestal na Câmara e agravada pelo caso Palocci.
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