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Análise: Verdadeira agremiação do presidente é a própria família

O sentimento antipartidário marca estes tempos, assim como a emergência da extrema direita

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Por Cláudio Gonçalves Couto
Atualização:

Quando levou a fatídica facada, Jair Bolsonaro vestia uma camiseta verde-amarela com o dizer “Meu partido é o Brasil”. Seus filhos, centrais na política do governo, também a envergam. Nas manifestações de 2013, que abriram caminho para a emergência da nova direita, cuja maior expressão é o bolsonarismo, manifestantes ostentavam faixas com o lema “Meu partido é meu país”. O sentimento antipartidário marca estes tempos, assim como a emergência da extrema direita, aqui e alhures.

Jair Bolsonaro, no Planalto; presidente fará a nona troca de partido em sua carreira Foto: Marcos Corrêa/PR

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O PSL, agremiação que abandona, é apenas a sexta por que passou. Começou no PDC, que por fusão resultou no PPR (novo nome do PDS, sucessor da Arena) e, mediante nova mescla, virou PPB. Logo, tratava-se de uma só organização. Dali foi para o PTB, depois para o PFL (atual DEM, dissidência do PDS), voltou ao PP (novo nome do PPB), saiu para o PSC e, após um biênio, ingressou no PSL – não sem antes flertar com o Partido Ecológico Nacional, ao qual convenceu abandonar o ecologismo para virar Patriota. Porém, numa metáfora ao gosto do presidente, largou-o no altar, conquistando a Presidência pelo partido de que agora se despede.

Quer criar mais um partido em país tão pródigo neles. Ameaça levar consigo ao menos 30 dos pouco mais de 50 deputados que ajudou a eleger, além das possíveis adesões ao magnetismo governista. Os partidos, porém, importam pouco para Bolsonaro. Sua política é a da família – sua verdadeira agremiação. Deve, porém, seguir sem os polpudos fundos partidário e eleitoral que ajudou a inflar. E sem os votos de que precisa num Congresso sem coalizão governista. 

*É PROFESSOR DA FGV

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