Análise: Primeiro o raio x da pobreza, depois as ações

Sob sigilo, governo discute programa 'Brasil sem Miséria', que deve reciclar programas sociais já em andamento, como o Água para Todos

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Por Redação
Atualização:

A opção do governo por definir como miseráveis os brasileiros com renda até R$ 70 mensais por integrante da família deixou a extrema pobreza no País do tamanho que o problema possa ser enfrentado como prioridade nos quatro anos de mandato da presidente Dilma Rousseff.

 

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Atualmente, órgãos do governo já trabalham com diferentes linhas de pobreza, que resultam num número maior ou menor de miseráveis. Antes da divulgação dos primeiros dados do Censo 2010, o número de extremamente pobres podia variar em mais de 12 milhões de pessoas, dependendo da fórmula de cálculo.

 

A contabilidade adotada internacionalmente pelo Banco Mundial chegaria ao menor número de miseráveis, considerados aqueles que ganham US$ 1,25 por dia ou cerca de R$ 60 por mês, neste momento de real valorizado.

 

Se o governo considerasse no plano "Brasil sem Miséria" a contabilidade de extremamente pobres feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseada em valores de renda diferentes para cada região do País, o número de miseráveis ficaria em pouco menos de 14 milhões de pessoas.

 

O critério de miséria usado em programas oficiais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e deficientes com renda até a quarta parte do salário mínimo, elevaria o número brasileiros extremamente pobres a mais de 20 milhões.

 

Nesta terça-feira, 3, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, chamou a atenção para que a linha de pobreza adotada para o "Brasil sem Miséria" serve apenas para uma política social de "caráter extraordinário", que deve deixar de existir ao final da gestão Dilma Rousseff, e que não pode ser confundida com outras políticas sociais do governo.

 

Quantificada a extrema pobreza, faltam as medidas para combatê-la. O "Brasil sem Miséria" vem sendo discutido sob sigilo. Seu anúncio será feito pela própria presidente. O plano incluirá a reciclagem de programas já anunciados, como o Água para Todos.

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