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Análise pode complicar situação do senador

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Por Redação
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O laudo da Polícia Federal entregue ao Senado não traz respostas conclusivas ou deixa dúvidas em relação a 16 das 30 questões feitas pelo Conselho de Ética do Senado, no processo em que apura a acusação de que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior. Apesar das lacunas, o laudo de 65 páginas entregue anteontem ao colegiado pode complicar ainda mais a vida do presidente do Senado em sua batalha para provar que a pensão (R$ 12 mil mensais) dada à jornalista Mônica Veloso, com que tem uma filha fora do casamento, foi paga com seu dinheiro, fruto dos rendimentos pessoais que teria tido com a venda de gado em suas fazendas em Alagoas. Gontijo, segundo o senador, seria apenas o emissário. Isso porque o relatório da perícia diz que os documentos apresentados por Renan são verdadeiros, mas deixa claro que eles não podem comprovar a venda de 2.200 cabeças de gado e o rendimento de R$ 1,9 milhão. Afirma ainda que o material está repleto de "inconsistências" e indícios de outras irregularidades referentes ao seu patrimônio, como o empréstimo não declarado por ele da empresa Costa Dourada Veículos. EVIDÊNCIAS Análise pormenorizada do laudo mostra que os peritos atribuem a impossibilidade de fornecer todas as respostas à falta de documentos apresentados pelo senador em sua defesa. A inconsistência das provas, que dificultaram a ação da perícia, estão evidentes logo nas duas primeiras perguntas encaminhadas à PF pelo presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). As questões são sobre a autenticidade das notas fiscais e das guias de transporte de animais apresentadas para comprovar a venda de gado. No laudo, os peritos afirmam que as notas e as guias "são autênticas", mas "ideologicamente, não se comprova efetivamente" a operação de venda e trânsito dos animais. Para a PF, é impossível assegurar que a quantidade de gado vendida era de propriedade de Renan. No documento, os peritos explicam o motivo: "devido a diversas inconsistências verificadas nos documentos examinados e, também, por não ter sido disponibilizado conjunto de documentos que ateste a propriedade do gado". A inconsistência da defesa também comprometeu a comprovação de que Renan teria saldo suficiente em suas contas para fazer o pagamento da pensão a Mônica Veloso entre janeiro de 2004 e dezembro de 2006. Na questão 25, os peritos ressaltam: "Foi apresentada relação de pagamentos realizados à jornalista. Entretanto, essa relação somente discrimina o mês do pagamento. Assim, faltam parâmetros que permitam afirmar se o representado possuía ou não saldo para realizar os pagamentos." Hoje, o senador promete apresentar suas explicações no Senado.

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