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Análise: O que pensa o PT para além do ‘Lula Livre’?

É justo que libertação do ex-presidente seja uma bandeira da legenda, mas isso também parece insuficiente e o partido parece que tem pouco a dizer

Por Carlos Melo
Atualização:

Estima-se que 310 mil filiados tenham comparecido ao Processo de Eleição Direta (PED) do PT, nos municípios, no último domingo. É o partido brasileiro que mais mobiliza e o que maisinteresse público desperta. Na comparação com os demais, não é pouca coisa. Mas, politicamente, talvez não seja bem assim. 

Primeiro, aos números: diante da base de 2.300 mil filiados, apenas 13,47% foram mobilizados por dirigentes e correntes internas. Quanto à base social, o contraste é ainda maior: 310 mil confrontados com os votos de Haddad no 2º. turno de 2018 (47.040. 906), perfazem 0,06% do que o partido alcançou há pouco menos de um ano. 

O ex-prefeito Fernando Haddad, derrotado na eleição presidencia de 2018, e a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann Foto: Gabriela Biló/Estadão

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A questão não deve ser reduzida aos números, mas ao fato que politicamente talvez esses eleitores esperassem mais. 

É sintomático que das 9 chapas nacionais que disputaram o PED, 5 possuíssem “Lula Livre” no nome; somadas, elas totalizam 87,7% dos votos. Justo que a libertação do ex-presidente seja uma bandeira da legenda e é quase favas contadas que Gleisi Hoffmann, ungida por Lula, seja reconduzida à presidência nacional com essa missão.

Todavia, diante das vitórias do passado, da expectativa que desperta e da história recente que carrega — da qual tem muito a esclarecer — isto também parece insuficiente. É dramático que pouco tenha a dizer ou tenha dito publicamente a respeito de um mundo em vertigem, da democracia em colapso em vários países e do Brasil em transe. No frigir do PED, pouco se sabe o que pensa o PT para além de Lula e a respeito do futuro.

* CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO INSPER..

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