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Análise: O alívio dos educadores com a saída de Weintraub do MEC

Marca que ministro deixa no ministério está longe de ter qualquer ligação com ensino, escola e professor

Foto do author Renata Cafardo
Por Renata Cafardo
Atualização:

Educadores se sentem aliviados em usar a partir de agora o verbo no passado ao falar de Abraham Weintraub no Ministério da Educação (MEC). Ele foi ministro. E a marca que ele deixou em 1 ano e dois meses está longe de ter qualquer ligação com ensino, escola, professor. Sabe-se de tudo o que Weintraub fez nas redes sociais, em ataques primeiro às universidades e depois ao Supremo, em disparates quase inacreditáveis que viam um comunista em cada sala de aula do Brasil.

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Mas Weintraub deixou de fazer muito também. Weintraub não fez nada para que o Fundeb, o fundo responsável por financiar a educação no País e que ajuda principalmente redes mais pobres, pudesse continuar a existir no ano que vem. Deixou tudo por conta dos deputados, que se desdobraram antes da pandemia para ter uma proposta e agora penam para que o assunto volte à pauta com tantas desgraças. Sem Fundeb, o País pode agora aumentar mais ainda suas desigualdades em 2021.

Weintraub ignorou secretários de educação pelo País e fez com que trabalhassem sozinhos para tentar melhorar o ensino na escola pública. Deixou até de repassar recursos para programas que já existiam e só precisavam não ser atrapalhados, como os de ensino integral, construção de creches e alfabetização. O ex-ministro nunca sequer mencionou a Base Nacional Comum Curricular, documento inédito aprovado em 2017, que finalmente ajuda as escolas a entender o que elas tem que ensinar. Qualquer país com uma política de educação razoável tem um documento como esse.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, visitoumanifestantes bolsonaristas que furaram o bloqueio na Esplanada dos Ministérios domingo, 14 Foto: Dida Sampaio/ Estadão

E então veio a pandemia, e Weintraub também não fez. Não criou qualquer plano para combate à pandemia que atacou em cheio a educação brasileira. Não deu qualquer orientação sobre como as escolas deveriam conduzir o ensino a distância, não tentou conseguir dados patrocinados para que os alunos mais pobres pudessem continuar a estudar em seus celulares, não se preocupou em formar professores para a tecnologia essencial nesse momento de aulas com distanciamento. Não fez nada.

Weintraub sai para o Banco Mundial deixando em seu currículo um programa de ensino militar que atingiu 0,15% das escolas do País. Esse foi seu legado como ministro da Educação. O resto do que é Weintraub, todo mundo está cansado de saber.

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