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ANÁLISE: Não há como ignorar implicações políticas

Aécio Neves se tornou réu no STF e PSDB tenta se afastar do senador

Por Marco Antonio Carvalho Teixeira
Atualização:

Três anos e meio após ter obtido cerca de 51 milhões de votos e afirmado que havia perdido a eleição presidencial para uma “organização criminosa”, Aécio Neves virou réu por crimes de corrupção passiva e de obstrução da Justiça após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal votar o parecer sobre a denúncia enviada pela Procuradoria-Geral da República. Nesse mesmo momento, o STF também validou as provas obtidas no âmbito da controversa delação da JBS, o que pode implicar uma maior extensão do alcance dessas investigações para além das hostes tucanas das alterosas.

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Todavia, de imediato, não há como ignorar prováveis implicações políticas que essa decisão pode ter para as eleições que se avizinham. Destaco duas.

A primeira se refere à eleição ao governo de Minas Gerais. O PSDB mineiro tenta vencer o PT e retomar o governo estadual com a candidatura do atual senador Antonio Anastasia, ex-governador e figura pública fortemente vinculada a Aécio. Mas, como decorrência de 2014 e do processo de impeachment, e com Dilma Rousseff candidata ao Senado, a campanha pode se transformar numa batalha entre petistas e tucanos, o que poderá abrir espaço para uma alternativa aos dois partidos. O discurso contra a corrupção que vem movendo Aécio contra o PT desde 2014 poderá se voltar contra ele e seu grupo.

A segunda implicação tem a ver com a eleição presidencial e tende a representar um fator de preocupação para o PSDB. São Paulo e Minas Gerais são colégios eleitorais em que os tucanos esperavam abrir vantagem de votos sobre os seus concorrentes, o que compensaria a baixa presença eleitoral do partido em outros Estados.

Em baixa em São Paulo e agora com a ampliação do desgaste da principal liderança tucana em Minas, a presença de Alckmin no segundo turno, caso se confirme uma baixa votação nesses dois Estados, tende a ser duvidosa. Nunca antes na história da recente democracia brasileira uma eleição esteve tão perto e ao mesmo tempo tão distante como a de 2018. Tão incerta quanto aos candidatos e tão cheia de incertezas acerca do potencial de cada um deles e sujeita a fatos que fogem ao controle das variáveis da disputa política.

*PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA E COORDENADOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FGVSP

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