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Análise: Em vídeo, Bolsonaro cobra defesa do governo; Moro cruza os braços

Fica evidente na fala do presidente a questão da troca da 'Segurança' do Rio de Janeiro

Por Rodrigo Augusto Prando
Atualização:

Trechos do vídeo foram suprimidos por determinação judicial. Importante seria assistir na íntegra e sem cortes. O fato primordial é que na fala de Bolsonaro fica evidente a questão da troca da “Segurança” do Rio de Janeiro, que, para Moro diz respeito à intervenção política na Polícia Federal; e, ao contrário, Bolsonaro quer fazer crer que se referia à sua segurança pessoal, que é incumbência do Gabinete de Segurança Institucional.

O presidente Jair Bolsonaro durante reunião ministerial em 22 de abril, a última com a presença de Sérgio Moro, que dois dias depois deixou o Ministério da Justiça Foto: Narcos Corrêa/PR

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Ademais, uma reunião em que muitos palavrões foram ditos e, some-se a isso, a constante exposição dos valores que são, segundo os presentes, orientadores das ações do governo em voga. Em síntese, a conjugação de liberalismo econômico e conservadorismo nos costumes – plataforma eleitoral e alicerce das ações governamentais estão evidentes na posição de Bolsonaro e de seus ministros. 

Para o presidente, a liberdade é mais importante que a própria vida e, para garanti-la, tem a intenção de armar a população, já que o povo armado não permitiria que o Brasil fosse tomado por uma ditadura. Na reunião, ganham pontos e elogios: Paulo Guedes, Weintraub e Damares, bem como Braga Neto que foi o articulador do Plano Pró-Brasil apresentado.

Há que se enfatizar a constante cobrança do presidente para que seus ministros defendam com maior intensidade as pautas de seu governo e não ficar, apenas, resguardando suas imagens. E, por falar em imagem, Moro esteve praticamente o tempo todo de braços cruzados – que indica estar pouco a vontade – e em sua intervenção pediu que fossem destacadas as ações de sua pasta no documento apresentado, especialmente o combate à criminalidade e à corrupção, até lembrando que foram temas caros durante a campanha eleitoral.

*PROFESSOR DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. DOUTOR EM SOCIOLOGIA PELA UNESP

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