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Análise: Elites políticas do Rio têm respondido com mais clientelismo e patrimonialismo

Diante de tantos desafios, Estado convive com um governador afastado e um prefeito da capital sob ameaça de impeachment

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Por Geraldo Tadeu Monteiro
Atualização:

Em 2018, quando os cidadãos do Rio elegeram o ex-juiz Wilson Witzel, eles estavam cansados de anos de crise econômica e de uma crise moral que levara à prisão quatro ex-governadores, além de dois ex-presidentes da Alerj. Hoje, não bastasse a pandemia que já matou mais de 16 mil pessoas no Estado, convivemos com um governador afastado e um prefeito da capital sob ameaça de impeachment. Foi-se a esperança de renovação.

O governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Foto: Wilton Junior / Estadão

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O Rio “pós-grandes eventos” vem amargando uma crise econômica que conjuga crise fiscal, recessão, desemprego e esvaziamento econômico. Entre 2017 e 2018, 46 mil lojas fecharam as portas no Estado. Só em 2020, o Rio perdeu mais de 174 mil empregos. A criminalidade letal cresceu 15% entre 2015 e 2019. A Educação no Estado do Rio é hoje uma das piores do País pelo Saeb e pelo Ideb. Sem falar nas crises constantes da saúde pública no Estado.

Diante de tantos desafios, as elites políticas do Estado têm respondido com mais clientelismo e mais patrimonialismo. A fragmentação política e partidária (há 30 partidos representados na Alerj), associada à defesa dos interesses locais e corporativos estimula o toma-lá-dá-cá. Uma máquina pública cheia de buracos, desarticulada e carente de controles efetivos torna-se o espaço ideal para a corrupção, que é a parte mais visível deste quadro de abandono que deturpa a política como mandato público para a política como negócio privado.

Se é verdade que o Rio é o tambor de ressonância do Brasil, é hora de os eleitores cariocas e fluminenses tirarem as lições do seu passado recente e retomarem o protagonismo do Rio. Isso seria fazer de um limão uma limonada.

* É CIENTISTA POLÍTICO, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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