A pergunta sobre o que fazer deve evitar ao máximo respostas fáceis. Não existe receita de bolo para que o País comece a sair do enorme problema que vive. Tampouco atalhos e respostas fáceis para perguntas difíceis ajudam no debate.
Crises desse tamanho, antes de mais nada, requerem diagnóstico sério e sem paixões. E, depois, ação firme, capacidade de comunicação e mobilização da sociedade.
Vivemos problemas no curtíssimo prazo. Temer hoje está sob suspeita, o que termina por inviabilizar por hora as reformas econômicas. A reforma da Previdência, importante para a manutenção da confiança dos investidores no Brasil, é uma tarefa de curtíssimo prazo. Também no curtíssimo prazo é necessário reorganizar a política, que novas lideranças saiam da zona de conforto e assumam posições políticas firmes a favor de reformas. Temos um sem fim de jabuticabas para remover para, talvez em algum momento na próxima década, alcançarmos não o mundo desenvolvido, mas nossos vizinhos mais próximos, como o Chile.
Recuperar a economia e a política inclui renovar as lideranças, mas estas têm de entender o momento histórico que vivemos e ir além do “Fla-Flu’’ que lideranças nacionais e emergentes insistem em alimentar.
A política, definitivamente, não pode ser dirigida desde as redes sociais. O nós e eles, por mais tentador que seja o discurso, tem resultado negativo para o País.
Enfim, precisamos vencer a ordem do dia, que é dar um caminho para o governo e encaminhar as reformas, e preparar no médio prazo algum tipo de ponte para o diálogo nacional. A intolerância política é tão famosa quanto a racial ou religiosa.
Como disse no início desta reflexão, não é adequado tentar encontrar respostas simples para problemas complicados. Geralmente elas são falsas. Precisamos de menos discursos e mais discussão nacional. Sem fazer política, o embrutecimento vence, e nada de bom pode vir daí.
*ANALISTA POLÍTICO DA XP INVESTIMENTOS