
20 Junho 2014 | 02h01
A pesquisa Ibope/CNI não perguntou nada sobre o episódio, mas foi a primeira depois de a bola começar a rolar. E o resultado do levantamento mostra que a Copa está ajudando Dilma. Não o suficiente para a presidente sair da enrascada de popularidade em que se meteu. Mas confirma que ela parou de cair. Motivo: a competição mudou o foco da maioria dos eleitores. As atenções estão voltadas para jogos, treinadores e jogadores.
O Ibope mostra que a percepção de 46% dos eleitores até a Copa começar era de um noticiário muito desfavorável ao governo - um patamar só comparável aos recordes 55% de julho de 2013, no auge dos protestos de rua. Só falavam das greves, das manifestações contra tudo, da corrupção, dos gastos com arenas, do vandalismo, da Petrobrás.
Desde que o jogo bonito começou, o discurso arejou. Há outros temas palpitantes: Paulinho deve sair ou não da seleção? Como Felipão calculou os 10% de evolução do time contra o México? Hulk precisa de massagista, de psicólogo ou de ambos?
Raiva e mau humor podem agora escolher por onde vão escapar. Pode-se zoar a ex-campeã Espanha, tirar onda dos ingleses à beira do abismo, falar mal do penteado do Neymar ou simplesmente xingar o juiz. Enfim, Dilma não é - enquanto a festa durar - o único para-raios da nação.
Mais do que se vitimar com os xingamentos, ela usou a história para atiçar a militância petista. Como Felipão, aplicou um discurso motivacional nos comandados. Ainda é incerto se treinador e presidente terão sucesso em sua pregação. Certo, porém, é que se Felipão não precisa torcer pela presidente, Dilma vai torcer por Felipão.
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