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ANÁLISE: A saída seria eleger um presidente que continue as reformas

Como sair da crise? Esta indagação talvez possa ser “como não cair na crise de novo?”, pois o grande esforço neste momento é não deixar o Brasil mergulhar na ingovernabilidade novamente e não escorregar de volta para uma profunda recessão econômica – como tivemos nos últimos dois anos.

Por David Fleischer
Atualização:

A atual crise política que impacta diretamente a economia começou na noite de 17 de maio com as notícias das gravações de conversas entre Joesley Batista e Michel Temer, que indicaram tentativas de obstrução da Justiça e provocaram demandas para a renúncia do presidente.

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A preocupação é que o governo Temer perca apoios no Congresso e se torne inviável – como reflexo da total falta de governabilidade que ocorre quando muitos dos partidos na coalizão de apoio rompem com o governo – como aconteceu com a presidente Dilma Rousseff no início de 2016, quando a sua coalizão se desintegrou.

Como sair desta crise? É evidente que a continuação do governo Temer é insustentável. Se ele renunciar ou for removido pelo TSE no início de junho, a Constituição determina que o presidente da Câmara dos Deputados assuma o governo interinamente por 30 dias e que o presidente do Senado convoque o Congresso para selecionar novos presidente e vice-presidente para terminar o mandato de Michel Temer até 1.º de janeiro de 2019.

O PT e seus aliados no Congresso estão tentando aprovar uma PEC para ter eleições diretas para eleger um novo presidente antes que Lula seja declarado inelegível. Este grupo não tem maioria no Congresso para aprovar a PEC – mas o valor desta “propaganda” é importante para 2018. 

A “saída” seria eleger um presidente que dê continuidade ao programa econômico de austeridade e reformas, e consiga a aprovação destas no Congresso – para restaurar a confiança dos investidores nacionais e internacionais no Brasil. No meu modo de ver, esta pessoa poderia ser o atual ministro da Fazenda – Henrique Meirelles – com apoio da base de apoio do governo Temer no Congresso.

Meirelles é “ficha limpa”, não tem contra ele acusações de corrupção e mantém excelentes relações com o setor privado. Ele tem demonstrado habilidade nas suas relações com os deputados e senadores da base de apoio nos seus esforços para aprovar as medidas de austeridade e nas negociações para aprovar as reformas.

*PROFESSOR EMÉRITO DE CIÊNCIA POLÍTICA NA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

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