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Amorim vê avanço na discussão sobre Conselho de Segurança

Ministro afirmou que, pela primeira vez em 15 anos, há uma decisão de negociar com relação ao CS da ONU

Por Nalu Fernandes
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse acreditar que houve "um avanço importante na ONU (Organização das Nações Unidas)", com a decisão da Assembléia Geral de passar para uma fase de negociações sobre o Conselho de Segurança (CS). "Acho que este é um tema que pode avançar neste ano", afirmou ele, em entrevista. Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tocou no assunto com o presidente da 63ª Assembléia, Miguel d''Escoto, no encontro que teve hoje na ONU. Para Amorim, no entanto, é preciso que haja um fato que leve a todos os membros à percepção "da urgência" da reforma. "Isto talvez não esteja tão presente." O ministro afirmou que, pela primeira vez em 15 anos, há uma decisão de negociar com relação ao CS. "Esta foi uma decisão tomada por unanimidade pela Assembléia Geral", disse. No encontro bilateral que teve com a secretária de Estado norte-americano, Condoleezza Rice, ontem, o ministro contou que conversou sobre o artigo escrito por ela para a revista Foreign Affairs sobre o CS. Ela focou em Índia e Brasil, afirmou Amorim. "É por isso que se precisa reformar o Conselho de Segurança", disse o ministro, citando o texto. "Então, é preciso tirar as conclusões." Com relação aos discursos proferidos no debate da Assembléia Geral, Amorim destacou ainda as observações do presidente da França, Nicolas Sarkozy, sobre a realização de uma conferência para discutir temas financeiros internacionais. "O presidente (Lula) até elogiou as medidas tomadas pelo presidente Bush (George W. Bush, dos EUA), mas é preciso ir mais longe, ver como isto pode afetar ou não afetar outros países", afirmou. O ministro afirmou que Lula "falou muito forte" com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que a organização deveria estar mais presente na discussão. Sobre o fato de que o presidente dos EUA não mencionou com profundidade a crise financeira em seu discurso na Assembléia, o ministro optou por não fazer um julgamento, evitando comentar sobre se a falta de detalhes do presidente norte-americano sobre a crise seria um balde de água fria. "Vem um balde de água fria e, depois, um de água quente", disse, ao fazer referência ao presidente francês, que mencionou com ênfase a crise financeira. "De qualquer maneira, referiu-se ao tema." ''Visões diferentes'' "Nós sabemos que há visões diferentes. Desde o primeiro discurso que o presidente Lula fez aqui havia um contraste do discurso do presidente Lula com ênfase em fome e pobreza e o do presidente Bush com ênfase em terrorismo. Cada em tem suas prioridades e cada um vê o mundo a sua maneira", disse Amorim. "Também não deixei de achar interessante que tenha feito referência à pobreza e à miséria como terreno fértil para o terrorismo", afirmou. "E neste contexto falou algumas coisas também interessantes e positivas." Amorim disse que não voltou ao assunto da quarta frota com a secretária norte-americana. "Já falei o que tinha o que falar com ela", disse. "Ela sabe nossa opinião. Achamos que politicamente é um erro. Enquanto respeitar o direito internacional, respeitar as águas brasileiras e não for usado de maneira bélica", afirmou. "Tudo bem não", reagiu a um comentário de um jornalista sobre a frota naval norte-americana. "Era melhor que não tivesse, pois a percepção não é positiva. A percepção é tratar a América Latina e do Sul como crise, coisa que não é. Fora disso, tudo bem." Bolívia Sobre a Bolívia, o ministro mencionou que as negociações sobre a crise estão evoluindo, mas afirmou que a constituição do país vizinho está mais "difícil". Há uma reunião marcada para a quinta-feira, depois que o presidente boliviano, Evo Morales, retornar da viagem para Nova York.

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