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Amorim diz que abstenção na ONU foi correta

Chanceler defende voto do Brasil, mesmo após Dilma haver afirmado que foi um erro não ter apoiado condenação ao Irã

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Por Patrícia Campos Mello
Atualização:

SÃO PAULO - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira, 10, que nunca conversou com a presidente eleita, Dilma Rousseff, a respeito da abstenção do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) em votações sobre a condenação de mulheres ao apedrejamento e o desrespeito a direitos humanos no Irã. "Eu não vou comentar a política externa da presidente Dilma, ela terá o chanceler dela, que vai assessorá-la nesse aspecto", disse Amorim, após ser homenageado em evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Se ela pedir minha opinião, vou explicar o que explicamos várias vezes: não se trata de não condenar várias ações, trata-se de saber a melhor maneira de ajudar em situações concretas."

 

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Em entrevista ao jornal The Washington Post, no fim de semana passado, Dilma mostrou que não teria a mesma posição de Lula nas votações de resoluções de direitos humanos na ONU. "Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição", afirmou Dilma, que vinha evitando fazer comentários sobre a decisão do Itamaraty.

 

O Brasil absteve-se na votação do documento que condenava medidas como amputações, chibatadas e apedrejamentos no Irã. Na entrevista, Dilma criticou as práticas "medievais que são aplicadas quando se trata de mulheres".

 

"Não sou a presidente do Brasil (hoje), mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento."

 

Amorim afirmou que "há uma falsa percepção de que o Brasil procurou ter uma relação estreita com o Irã". "O Brasil tem uma relação boa com o Irã, como tem com muitos outros países, o Irã é um país grande, importante, que tem influência no Oriente Médio", disse. "O que nós fizemos foi absolutamente correto eu faria tudo de novo o que eu fiz."

 

Ele também comentou a sucessão no Itamaraty. "A presidente eleita teve a delicadeza de me telefonar antes de convidar (Antonio Patriota para ser chanceler), dizendo que ia convidá-lo". Amorim e Patriota são bastante próximos.

 

O ministro disse ter ficado "decepcionado" com a notícia de que a iraniana Sakineh Ashtiani não foi libertada pelo governo do Irã, como foi informado na quinta-feira por organizações não-governamentais (ONGs). "Fiquei decepcionado tinha ficado muito esperançoso", afirmou o chanceler.

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O presidente Lula tinha feito um apelo, esse assunto foi tratado várias vezes com as autoridades iranianas."

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