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Amaral diz que PSB terá negociar caso Marina seja eleita

"Não somos idiotas de dizer para a opinião pública que, em uma Câmara de 513 deputados, nós vamos ficar limitados à bancada do PSB", completou o presidente do partido

Por ANA FERNANDES E ISADORA PERON
Atualização:
O dirigente disse também que agora o partido está focado em manter a mobilização para a campanha do segundo turno Foto: Márcio Fernandes/Estadão

O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, admitiu nesta quarta-feira, 23, que o partido terá que fazer negociações no Congresso para conseguir governar, caso a candidata Marina Silva chegue à Presidência da República. "Considerando toda a nossa coligação, nós não faremos 80 deputados, então nós precisaremos negociar", disse, pouco antes de participar de um evento de campanha com sindicalistas, na capital paulista. "Não somos idiotas de dizer para a opinião pública que, em uma Câmara de 513 deputados, nós vamos ficar limitados à bancada do PSB", completou.

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Para o dirigente, a afirmação não representa uma contradição com o discurso de renovação política da presidenciável, mas de confirmação com a proposta de conversar com bons quadros de todos os partidos. "Vamos negociar com apoio da sociedade, de forma republicana. Não vamos trocar cargos, não vamos distribuir recursos, não vamos dar verba", disse Amaral ao argumentar que não é questão de repartir o governo, mas de governar com apoio programático de parlamentares do PSDB, PMDB, PDT, PT, entre outros.

O dirigente disse também que agora o partido está focado em manter a mobilização para a campanha do segundo turno. Ele disse não estar preocupado com o acirramento da disputa com a presidente Dilma Rousseff (PT), confirmado ontem pela pesquisa Ibope. "Ela (Dilma) vai tomar um susto danado quando chegar ao segundo turno e descobrir que teremos o mesmo tempo (de TV) que ela", afirmou.

Amaral disse que a estratégia da campanha de tocar em temas delicados para a presidente, como na peça da campanha de Marina que destacou as denúncias de corrupção na Petrobras, tem dado resultado. "Vamos manter e não é ataque, é uma resposta mais forte. Não vamos entrar no jogo do PT, aceitar a pauta do PT, nós vamos construir a nossa pauta", afirmou e disse que as pesquisas internas contratadas pelo partido mostram que é a estratégia mais acertada. "As qualitativas estão dizendo que isso está certo e que estamos consolidando a intenção de voto, o que é importante."

O coordenador-geral da campanha de Marina, Walter Feldman, também comentou rapidamente a pesquisa Ibope. Ele admitiu que os ataques, apesar de "absolutamente injustos", surtiram efeito. Mas, para Feldman, a campanha de Marina conseguiu segurar o desgaste e retomar a capacidade de "expor as inverdades". Sobre a estratégia para esses últimos 10 dias antes do primeiro turno, disse que Marina continuará apontando os erros do governo Dilma, sem prejudicar o espaço propositivo. "É o momento que a gente pode apresentar as propostas mais contundentes e eventualmente ter algum nível de resposta, mas de forma que não prejudique a exposição do programa", afirmou.

Mais cedo, Amaral discursou no evento que reuniu Marina e lideranças sindicais. Em sua fala, ressaltou seu histórico, sua origem trabalhadora como mecânico, e engatou uma série de elogios ao histórico pessoal de Marina. "Marina veio de uma família paupérrima, e é negra", bradou Amaral, que ressaltou também que a candidata foi empregada doméstica e alfabetizada apenas na adolescência. "Ela tem todas as características de uma lutadora", completou.

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