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Alunos da FFLCH -USP mantêm greve

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os cerca de 13 mil alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) estão há quase 40 dias em greve. E não há previsão de volta às aulas. Os estudantes rechaçaram a nova posição da Reitoria, que aprovou hoje o aumento do número de professores a serem contratados para 2003 de 12 para 26 - querem 200. Hoje os centros acadêmicos promoveram um ato em frente da faculdade, interditando uma das pistas da Avenida Professor Luciano Gualberto, na Cidade Universitária. Cerca de 300 estudantes de todos os cursos da FFLCH passaram o dia na rua. Cada um, a seu modo, encontrou uma maneira de reclamar da falta de professores. Outros improvisaram um campo de futebol na rua: mochilas serviram de traves. Também foi montado um palco para apresentação de bandas. Reunião A Comissão de Negociação dos Alunos se reuniu hoje com o vice-reitor da USP, Hélio Cruz, para discutir documento entregue à Reitoria, na qual é solicitada a contratação de mais de 200 professores. "O número que estamos trabalhando é 26 novos docentes para 2003", explicou Cruz. "De cara, isso está repudiado", disse o diretor do Centro Acadêmico de Letras, Lucius Provase. "Não é nem o começo do que queremos." O vice-reitor ressalvou que podem ser feitas contratações temporárias ainda neste ano letivo. Reitoria e alunos têm novo encontro na segunda-feira. Em questão de minutos, o aluno do 4.º ano de Letras André - ele não quis informar o sobrenome - expõe os problemas da faculdade e motivo de apoiar a greve. "Existe um curso, de Língua Portuguesa 3, que tem apenas um professor. E a faculdade tem 10 mil alunos", explica. Ao lado dele, Claudio, também do 4.º ano, completa: "Isso aqui vem de um processo longo de descaso com a universidade pública e com a FFLCH." Alguns estudantes decidiram passar a noite na frente dos prédios da faculdade. Carolina Teixeira, do 1º ano de Ciências Sociais, conta que o problema de falta de estrutura e professores é pior na Letras, mas outros cursos também não estão nas condições ideiais. "Uns têm mais, outros têm menos (problemas). Mas a faculdade é uma só e, por isso, apoiamos a greve." Antes de ingressar na USP, Carolina estudou quatro meses de jornalismo na Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Sabia que a situação era mais ou menos assim." Mesmo assim, não há como negar a decepção ao ver a maior universidade do País com salas de 150 alunos. "Minha mãe ficou horrorizada", diz a aluna do 5º ano de Filosofia, Paola Jacobelis. "O ideal para um curso como o nosso, que exige leitura e discussão, seria no máximo 30 pessoas na sala." A paralisação, entretanto, não é unanimidade entre os estudantes. Pedro Antunes, do 3.º ano de Ciências Sociais, considera a mobilização "aparente". "Se juntasse metade dos alunos da FFLCH aqui na frente, não caberia todas as 6 mil pessoas. A maioria está é de férias" Para ele, a reivindicação por mais professores e condições de ensino seria possível sem a interrupção das aulas. "Concordo com o mérito, mas não com o método." Anteontem, a Comissão dos Claros, que determina a reposição de professores que se aposentam ou saem da USP, liberou mais 14 contratações, além das 12 autorizadas anteriormente.

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