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Alta de preços eleva gastos do programa alimentar da ONU em 40%

Por PATRICK WORSNI
Atualização:

O acelerado aumento dos preços mundiais dos alimentos e do petróleo elevou em quase 40 por cento os gastos do Programa Mundial de Alimentos da ONU, disse na quinta-feira a diretora-executiva Josette Sheeran, alertando que a agência terá de rever as operações se não receber mais doações de governos. O PMA, cuja meta neste ano é alimentar 73 milhões de pessoas em 80 países, é financiado exclusivamente com doações voluntárias. Suas atividades se ressentem, por exemplo, do fato de o preço do arroz ter quase triplicado neste ano na Tailândia, maior exportador mundial, e de o barril do petróleo ter batido em 120 dólares nesta semana. Falando a jornalistas por teleconferência desde Roma, sede do PMA, Sheeran disse que a agência precisaria receber 755 milhões de dólares adicionais para manter projetos previstos neste ano. Há dois meses, a estimativa era de 500 milhões de dólares. O aumento dos preços também gera mais pedidos de ajuda, totalizando 418 milhões de dólares até agora. Isso inclui os 77 milhões de dólares solicitados pelo Afeganistão para alimentar 2,5 milhões de "pessoas recente e urgentemente famélicas", além de ajuda para refugiados iraquianos na Síria e outros países. Ao todo, o valor dos pedidos de ajuda ao PMA para 2008 subiu a 4,3 bilhões de dólares. Sheeran afirmou que ainda é possível que cheguem solicitações de lugares como o Haiti, onde neste mês houve violentos protestos contra o preço dos alimentos. Se a lacuna no financiamento não for preenchida, disse ela, "precisaremos reescalonar nas próximas semanas nossas atividades que já estão avaliadas e decididas". O PMA costuma receber verbas ao longo do ano. Mas a assessora de imprensa Bettina Luescher disse que até agora só apareceram 1 bilhão de dólares, menos de um quarto do total necessário para 2008. Ela atribuiu o aumento dos preços a uma "perfeita tempestade" de fatores, como a mudança no padrão alimentar dos chineses, que agora consomem mais carne, o preço elevado do petróleo, transtornos climáticos em várias regiões e o uso de terras aráveis para a produção de biocombustíveis. Mas ela disse que em longo prazo está otimista, "porque o mundo sabe como produzir comida suficiente". Na África, por exemplo, a produtividade agrícola tem potencial para crescer dez vezes, até alcançar a média mundial, o que seria possível com investimentos nacionais e estrangeiros em agronomia e infra-estrutura. "Acho que agora estamos vendo um foco muito maior nessas soluções de longo prazo", disse.

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