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Aliança do PSB com o PT no Rio seria 'uma suruba', diz Sirkis

Aliado de Marina critica aproximação do partido com a candidatura de Lindberg Farias ao governo fluminense

Por Ricardo Chapola e Isadora Peron
Atualização:

 SÃO PAULO - O deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), um dos principais aliados da ex-ministra Marina Silva, escreveu nesta sexta-feira, 20, em seu blog que uma eventual aliança de seu partido com o PT no Rio seria uma "suruba". 

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O pré-candidato do PT ao governo fluminense, Lindberg Farias (PT) - cuja candidatura será confirmada em convenção realizada nesta sexta -está disposto a ceder a vaga do Senado na chapa majoritária a Romário (PSB-RJ) se o partido decidir apoiar a candidatura petista no Rio

O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, e Marina estavam comprometidos com apoio à candidatura de Miro Teixeira (PROS), que desistiu da disputa na quinta. Após a desistência, a expectativa é que membros da Executiva do PSB se encontrem nesta sexta com representantes do PT no Rio. 

No texto intitulado "Nitidez é preciso", Sirkis se posiciona contra a aproximação de PSB local da candidatura do senador petista ao Palácio Guanabara, também classificada por ele de "imbróglio". "Sou totalmente contrário a essa coligação. Nada contra o senador, pessoalmente. Mas perdoem-me o recurso ao chulo:isso não seria uma coligação mas uma suruba!", escreveu o aliado de Marina. 

 

"Temos um novo imbrógliocom a articulação no PSB para apoiar a candidatura a governadorde Lindberg pelo PT. É o bizarro. Não tenhocondições de apoiá-la por uma razão muito simples e cristalina: sou crítico ao governo do PT". 

 

Para o parlamentar, a coligação com Lindberg beneficiaria candidatos a deputado, mas seria incoerente aos que, como o ele próprio, são críticos a gestão do PT no governo federal. 

 

"Passei os quatro anos de mandato criticando o governo Dilma, de forma respeitosa, porém firme,e venho propugnando uma alternância nessas eleições. Não posso agora aparecer coligado ao PT utilizando do seu cociente eleitoral para me reeleger!", afirma o texto. 

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Sirkis defendeu ainda o lançamento de candidatura própria do PSB ao governo do Rio para Campos e Marina tenham "um palanque nítido e inequívoco" no Estado. 

 

Leia a íntegra do texto publicado no blog do deputado: 

 

"Nitidez é preciso

 

Não vou comentar mais o bizarro caso Miro Teixeira. Conforme se pode verificar aqui, há três meses cantei essa bola e, recentemente,reiterei essa advertência. Essa candidatura nunca foi para valer!

 

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Agora temos um novo imbrogliocom a articulação no PSB para apoiar a candidatura a governadorde Lindberg pelo PT. É o bizarro dois!Sei que isso facilitaria a eleição de deputados, inclusive a minha,se de fato o PT está oferecendo coligação para deputado federal. Em 2010, tive mais voto que três dos cinco eleitos pelo PT. Deveria respirar aliviado com essa facilidade aritmética.

 

No entanto, sou totalmente contrário a essa coligação. Nada contra o senador, pessoalmente. Mas perdoem-me o recurso ao chulo:isso não seria uma coligação mas uma suruba! Não tenhocondições de apoiá-la por uma razão muito simples e cristalina: sou crítico ao governo do PT. Passei os quatro anos de mandato criticando o governo Dilma, de forma respeitosa porém firme,e venho propugnando uma alternância nessas eleições. Não posso agora aparecer coligado ao PT utilizando do seu cociente eleitoral para me reeleger! 

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Não preciso fazer grandes consultas para saber que muitos dentre meus eleitores não concordariam com esse tipo de comportamento político. Não sou avesso a uma certa dose de pragmatismo mas aí já é demais: é uma dose cavalar.

 

Penso que o PSB deva lançar candidato ao governo do Rio de Janeiroe dar a Eduardo-Marina um palanque nítido, inequívoco. Onome,nessas alturas do campeonato, depois de três preciosos meses perdidos, é secundário. Importante é a nitidez do palanque.

Uma proposta de coligação "orgiástica" dessas espalhaconfusão e suspeita. Por que haveria o PT de aceitar esse estranho "palanque duplo"entre situação a oposição? Uma coisa seria um palanque duplo, oposicionista,como, em 2010,o de Gabeiracom Marina e Serra. Mas um palanque duplo de situação com oposição? Quais os acordos por trás disso? Por que razão o PT consentiria? 

Existirá, por acaso,algo envolvendosegundo turno???

Embora tenha bons amigos no PT e reconheça realizações positivas nos anos Lula, penso que o Brasil precisa muito de uma alternância democrática,em 2014. Essa experiência PT-grotões chegou ao seu limite e um novo governo Dilma seria muito ruim para o país.

Não participo desses frissons de ódio contra eles - nem o deles contra quem não concorda com eles - muito em voga nas redes sociais,mas chegou a hora de apontar ao grupo do Planalto a porta da rua, serventia da casa. No futuro, no bojo de uma autocrítica e uma faxina interna, penso que poderão voltar a exercer um papel positivo dentro de um realinhamento histórico do quadro político brasileiro. É uma tese que defendo desde 2010.Nesse momento, porém,precisam ser derrotados - inclusive o Lula - até para que, no futuro, o PT possa ser salvo dele próprio.

Porque acredito na nitidez em política e na alternância democrática não concordo com essa bizarrice queestimularia mais ainda a não participação, como já estamos vendo com a galera dos 16 aos 18 anos, sem interesse em participar das eleições. Vai ter voto nulo e branco adoidado se nos dobrarmos ao oportunismo,ao pântano político. Prefiro correr o risco de um cociente eleitoral muito difícil de alcançar ou,simplesmente,não participar desse processo, pois, conveniamos, há vida inteligente fora da política eleitoral/parlamentar. 

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A pergunta é se dentro ela continuará existindo."

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