Aliados de Marta pressionarão Lula a abrir vaga para ela na Esplanada

Preocupação é que ex-prefeita não suma da cena política até 2010, pois é forte opção para sucessão de Serra

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Por Vera Rosa
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Derrotada pela segunda vez consecutiva na eleição para a Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) não voltará para o Ministério do Turismo, mas seu grupo político vai lutar para encaixá-la em outro cargo, já que ela não pode desaparecer da cena política até 2010. Motivo: ninguém no PT duvida de que Marta estará na lista dos que pretendem concorrer à sucessão do governador José Serra (PSDB), daqui a dois anos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva da Silva conversou ontem com Marta por telefone e elogiou sua atuação na campanha. Faz apenas 41 dias que Lula efetivou o sociólogo Luiz Barretto no Turismo. A pasta foi ocupada pela petista durante um ano e três meses. "Já estou cansado de ver o nosso querido ministro ser interino. Ele vai se tornar ministro definitivo", afirmou o presidente, em 17 de setembro. A decisão de Lula foi tomada para conter a gulodice dos aliados, de olho na vaga. "Eu não olho para trás e não penso em voltar", disse Marta ao Estado. "O ministério está sendo muito bem conduzido por Luiz Barretto." Os martistas, porém, apostam no rearranjo do governo após as eleições para conseguir um posto de visibilidade para a ex-prefeita, de preferência na Esplanada. Apesar da derrota e da alta rejeição, Marta ainda é um dos nomes mais conhecidos do PT de São Paulo, que não conseguiu projetar novas lideranças desde a crise do mensalão, em 2005. Sua indicação para disputar o Palácio dos Bandeirantes, no entanto, está longe de ser consenso, pois o fracasso da campanha servirá de munição aos adversários internos. A briga ganhará contornos mais nítidos em 2009, quando haverá a renovação das direções do PT e as correntes medirão forças. Nesse cenário, há quem defenda o lançamento de Marta para a presidência do PT. "Está todo mundo no projeto de 2010 e Marta tem patrimônio político: tanto pode ser ministra como ajudar a fortalecer o PT como dirigente partidária", comentou o deputado Jilmar Tatto (SP). O embate dentro do PT promete ser ainda mais acirrado por causa das eleições de 2010 para o governo e a Presidência. Se o deputado e ex-ministro Antonio Palocci for absolvido da denúncia sobre a quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, sua reabilitação será automática: considerado curinga por Lula, ele tanto poderá retornar ao governo federal como concorrer ao Bandeirantes. Além de Marta e de Palocci, o PT dispõe dos senadores Aloizio Mercadante (SP) e Eduardo Suplicy (SP). "Eu é que não serei candidato", garantiu o ex-ministro Luiz Marinho, eleito prefeito de São Bernardo do Campo e também lembrado para o cargo. "Se o PT tinha esse plano para mim em 2010, pode arrumar outro."

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