Aliados de Chinaglia cobram do governo apoio ao petista

Eles cobram do governo que tome partido do petista na eleição para a presidência da Câmara e interfira para que a base tenha candidato único. Aldo ficaria de fora

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de conseguir o apoio da bancada do PMDB, aliados do candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP) cobram do governo que tome partido do petista e interfira para que a base tenha candidato único na eleição para a presidência da Câmara. O comando da campanha petista argumenta que a maioria dos partidos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apóiam Chinaglia. A pressão do grupo do candidato petista irritou o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que mantém sua candidatura, apesar de cada vez mais enfraquecida. "Eu creio que esse movimento indica que meus adversários desejam ganhar uma partida por W.O.. Não querem um adversário em campo." O presidente da Câmara contou que soube da pressão do grupo de Chinaglia e disse não acreditar que o presidente Lula aceite esse tipo de proposta. "O presidente Lula me conhece há muito tempo e não aceitará qualquer tipo de proposta que tire da eleição o caráter que ela deve ter", afirmou. Decisão do PMDB A decisão do PMDB era tida como a justificativa para que os aliados de Chinaglia cobrassem a retirada do adversário da disputa. Dos 90 deputados da bancada do PMDB, 64 participaram da escolha na última terça-feira e Chinaglia obteve 40 votos na urna e mais seis declarações enviadas à reunião por escrito. Dos votantes, 11 apoiaram Rebelo. "A pressão não é da campanha de Arlindo, mas do próprio governo e da coalizão. O tempo todo o governo vem insistindo na tese de que a coalizão tem de ter um candidato único. Está evidenciado (com o apoio do PMDB) que Arlindo, na coalizão, tem mais apoio que Aldo. Compete ao que tem menos apoio retirar a candidatura, a partir da tese de que haverá candidato único", argumentou o deputado Odair Cunha (PT-MG), um dos integrantes do comando de campanha do petista. Para Rebelo, a disputa ainda está no início, apesar de seus adversários terem comemorado a decisão do PMDB como fim de partida. "Respeito a decisão do PMDB, mas quero dizer aos meus adversários que o jogo está apenas no seu início. Não é sequer o primeiro gol da partida. Os adversários comemoraram o arremesso manual no início do jogo", considerou. Candidatura única Rebelo afirmou que continua tendo os mesmos votos que tinha na bancada peemedebista. Ele contabilizou ainda votos nas diversas bancadas, incluindo os partidos de oposição. Aliado de Rebelo, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), segundo vice-presidente da Câmara, afirmou que a campanha de Chinaglia cometeu um erro estratégico ao insistir que a bancada do PMDB tomasse posição na última terça. Ele avaliou que a votação, que permitiu apoios com envio de fax, mostrou o limite do petista entre os peemedebistas. "O teto (de Chinaglia) no PMDB é em torno de 45 a 50 votos", contabilizou. Para Nogueira, a insistência do grupo de Chinaglia em forçar uma candidatura única é o temor da disputa no voto. "Eles (Chinaglia e seus aliados) sabem da dificuldade de eleger um do PT aqui", afirmou, citando a história da Casa. Nas últimas eleições, o PT foi derrotado quando houve disputa em plenário. Em 2003, João Paulo Cunha (PT-SP) foi eleito sem que houvesse adversário. Em 2005, os dois candidatos do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG), foram derrotados por Severino Cavalcanti (PP-PE). Recentemente, o candidato do PT ao cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Paulo Delgado (PT-MG), perdeu a vaga para o pefelista Aroldo Cedraz (BA). O deputado Odair Cunha contestou Nogueira. "A candidatura de Arlindo é dos partidos da coalizão e não do PT. Ele tem o apoio dos partidos da coalizão, inclusive da maioria do PP. Se fosse um candidato só do PT, ele (Arlindo) já teria retirado sua candidatura", afirmou Cunha.

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