Aliados de Arruda pressionam presidente interino

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Por CAROL PIRES
Atualização:

A tropa de choque do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), iniciou hoje uma ofensiva contra o presidente interino da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT). O deputado Batista das Cooperativas (PRP) abriu a reunião da CPI da Corrupção, esta tarde, lendo notícia veiculada na imprensa local na qual é informado que Cabo Patrício tentou usar influência política para receber atendimento mais rápido da Polícia Militar.Segundo a reportagem, publicada pelo jornal "Correio Braziliense", ao se envolver em um acidente de trânsito, o deputado ligou para a central telefônica da polícia e afirmou que, se uma viatura não fosse enviada rapidamente, ele poderia ligar para o governador tomar providências.Batista das Cooperativas disse que Cabo Patrício "é um cabo de terceira categoria", e criticou a atitude do colega que, ontem, adiou a eleição do novo presidente da Câmara para a próxima terça-feira (2), após ler, em plenário, notícia publicada no "Blog do Noblat", na internet, de que um esquema disposto a manter José Roberto Arruda no cargo estava oferecendo R$ 4 milhões para cada deputado distrital que votasse contra os pedidos de impeachment do governador.Arruda é acusado em inquérito policial de ser o chefe de um esquema de corrupção chamado de "Mensalão do DEM". Patrício avaliou que a notícia colocava todos os parlamentares sob suspeição e remarcou a data da eleição. Dia 2 de fevereiro é o prazo limite para eleição do presidente da Casa, cargo aberto desde a renúncia de Leonardo Prudente, deputado flagrado colocando nas meias dinheiro de suposta propina."Não estamos aqui para fazer teatro, carnaval. Eu, como deputado e presidente interino desta comissão, não vou fazer carnaval aqui. Eu acho que deputado nenhum tem o direito de fazer o que o deputado Patrício fez no dia de ontem", criticou Batista das Cooperativas, que costuma falar sempre em tom de voz elevado. Logo depois das críticas de Batista das Cooperativas, foi a vez de Geraldo Naves, amigo de José Roberto Arruda, criticar Cabo Patrício, a quem disse ser "inapto" para a exercer a função de presidente da Casa.Ontem, após Cabo Patrício encerrar a sessão plenária, Batista das Cooperativas usou um dos microfones e gritou, repetidas vezes, que a sessão não estava encerrada, contrariando ordem do presidente da Casa. Por quase duas horas, os deputados da base aliada discutiram, em reunião reservada, uma maneira de reabrir a sessão.Uma nota chegou a ser lida por um locutor, anunciando que Patrício tinha 15 minutos para reabrir a sessão, segundo ordenavam 15 parlamentares. Cabo Patrício não voltou ao plenário, e os governistas desistiram do plano porque não encontraram argumento regimental que permitisse um deputado reabrir sessão fechada pelo presidente.O adiamento da eleição frustrou os planos da tropa de choque do governador que pretendia retomar a presidência da Câmara, sob comando do PT desde que a Justiça afastou Leonardo Prudente do cargo, no início da semana passada.

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