Aliado do governo, PDT tem 'autonomia' para votar contra, diz ministro

Titular do Trabalho, Manoel Dias, defende atuação da bancada de seu partido, contrária à aprovação de medida do ajuste fiscal

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Por Vinicius Neder e Samuel Correia
Atualização:

Rio - O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou que a bancada do PDT, seu partido e integrante da base aliada do governo Dilma, tomou a posição que achou mais correta ao votar contra a Medida Provisória 665, que altera as regras de concessões de seguro-desemprego e abono salarial, aprovada nessa semana na Câmara. "[Ela tem] autonomia para isso", disse Dias.

Na votação encerrada na noite de quarta-feira, os 19 deputados do PDT, partido da base governista desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se manifestaram contra a MP, essencial para o ajuste fiscal comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias Foto: Fabio Motta/Estadão

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"A bancada tomou posição que entendeu ser a mais correta e tem autonomia para isso", afirmou Dias, após participar de evento comemorativo dos 70 anos do fim da Segunda Guerra, no Rio. O ministro negou qualquer constrangimento com a decisão dos deputados do PDT. "Quando aceitamos ingressar no governo, ainda no governo Lula, o partido colocou que iria participar de um governo plural e que o PDT tem suas causas pétreas e não iria renunciá-las. O presidente Lula entendeu como uma posição partidária", completou.

Dias também relativizou a piora do mercado de trabalho, apontada pelo início da alta da taxa de desemprego. Segundo o ministro, a crise política afeta a econômica. "Quanta gente está postergando a compra de um automóvel, de um apartamento. Investimentos que deveriam ser feitos não foram. Tivemos uma crise na maior empresa empregadora e investidora do País, que é a Petrobrás, mas ela está já voltando ao seu controle", disse.

Segundo Dias, há setores querendo desestabilizar o governo com a crise política. "Nós que somos do PDT, que viemos do antigo PTB, conhecemos toda essa história. Fizeram com (o ex-presidente Getúlio) Vargas e com o presidente João Goulart a mesma coisa. Mudam os atores, mas o palco é o mesmo. Querem agora desestabilizar o governo da presidente Dilma, que foi eleita democraticamente, está aí com três, quatro anos de governo e está adequando o País a um novo momento", comparou o ministro, apostando numa melhora da economia no segundo semestre: "Todo ano, os primeiros meses do ano são os meses mais difíceis. A retomada chega no auge lá pelo mês de agosto", concluiu.

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