Aliado de Rosso ganha cargo no Ministério da Saúde; deputado nega indicação

Candidato ao comando da Câmara, deputado do PSD pode desistir da disputa; Planalto prefere reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Por Lígia Formenti e Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Candidato a presidente da Câmara, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) conseguiu emplacar um indicado seu no Ministério da Saúde. Isolado, Rosso admite a possibilidade de abandonar a campanha, o que beneficiaria o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pretende tentar a reeleição. 

O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) Foto: André Dusek/Estadão

PUBLICIDADE

A coordenação do programa de doenças transmissíveis pelo Aedes aegypti (dengue, chikungunya e zika) passará para as mãos de Divino Valério, indicado de Rosso. Para abrir a vaga para Valério, o ministério exonerou uma técnica que estava à frente da área de combate aos vetores havia 12 anos, Ana Carolina Santelli.

A decisão provocou alvoroço entre funcionários da área, sobretudo por causa do calendário. Com o verão, aumenta o risco de o País enfrentar nova epidemia de doenças ligadas ao Aedes aegypti, sobretudo chikungunya. 

Valério já foi secretário de Rosso quando o deputado estava à frente do governo do Distrito Federal. Ele tem familiaridade no combate à dengue. Mas, para técnicos ouvidos pelo Estado, a experiência é pequena diante do desafio que começa a ser delineado. 

Esta semana o cargo está vago. Embora o nome já tenha sido indicado, o coordenador avisou que assume o posto somente nos próximos dias.

Negociações. Após a publicação deste texto, Rosso negou, nesta quinta-feira, 12, ter indicado Valério. O deputado disse não ter contato com Valério há tempos e que em nenhum momento procurou o Ministério da Saúde para indicá-lo para o posto.

Fontes ouvidas pelo Estado atribuem a mudança no ministério a negociações políticas em torno da sucessão da Câmara. Ana Carolina trabalhou por 12 anos no ministério. Quando seu cargo foi solicitado, em troca foi ofertado um novo posto, mas a funcionária não aceitou.

Publicidade

Questionado se apoiava a reeleição de Maia para presidência da Câmara, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi evasivo. “O governo não está participando da disputa”, disse. O discurso, no entanto, destoa da prática. Presidente licenciado do PSD, o ministro Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações), por exemplo, tem atuado nos bastidores para ajudar Maia a se reeleger. Kassab ajudou a marcar um café da manhã entre Maia e o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, que também é do PSD. A reunião deve ocorrer nesta quinta-feira, 12, na residência oficial do governador, em Florianópolis, e terá a participação de deputados do Estado. 

Além de Kassab, outros integrantes do governo atuam pela reeleição. Na última sexta-feira, três ministros participaram de almoço de Maia com a bancada de Pernambuco no Recife: o da Educação, Mendonça Filho (DEM); o das Cidades, Bruno Araújo (PSDB); e o de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB). Os três são deputados licenciados pelo Estado.

Maia é o candidato preferido do Palácio do Planalto, apesar de o governo dizer oficialmente que não se envolverá na disputa da Câmara. Além do deputado do DEM e de Rosso, já se colocaram como candidatos ao comando da Casa o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), e o deputado André Figueiredo (PDT-CE). A disputa está marcada para o dia 2 de fevereiro.

Tucano. Nesta quinta-feira, 10, após sair de encontro com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse considerar que a candidatura de Maia tem se consolidado nos últimos dias. A disputa pelo comando da Casa, assim como a do Senado, foi tema da conversa do tucano com Temer. “É a bancada da Câmara que irá se manifestar, mas vejo hoje ganhando consistência a candidatura do atual presidente Rodrigo Maia.”

Correções

Texto atualizado em 12 de janeiro para incluir manifestação do deputado Rogério Rosso

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.