Aliado de Cunha denuncia crítico de peemedebista ao Conselho de Ética

Paulinho da Força representou contra o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ) ao acusar o parlamentar de ter usado o erário para fins eleitorais

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Por Daniel de Carvalho e Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - Um dos aliados mais fiéis do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), apresentou nesta quinta-feira, 29, representação ao Conselho de Ética da Casa contra o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), um dos principais críticos ao peemedebista. A representação de Paulinho ocorre um dia após a representação feita por Alencar contra Cunha ser devolvida pela Mesa Diretora ao Conselho de Ética para que tenha início o processo.

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Na representação contra o líder do PSOL, Paulinho da Força acusa Chico Alencar de "uso do erário da Câmara dos Deputados para fins eleitorais" por ter parte de sua campanha financiada por funcionários de seu gabinete, e diz que o deputado usou notas frias para ser reembolsado pela Câmara.

"O relatório do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aponta claramente que mais de um terço do montante declarado pela contabilidade da campanha do representado (Chico Alencar), cerca de R$ 67.025,00, foi doado por apenas sete pessoas, justamente seus assessores", diz a representação. "Há evidências do uso do erário da Câmara dos Deputados para fins eleitorais".

No caso de uso de notas frias, Paulinho diz que Alencar "omitiu informações" ao Ministério Público Federal (MPF) "a fim de ensejar o arquivamento do procedimento". A documentação, segundo Paulinho, foi encaminhada também a ele. "Incorre, no presente momento, em nova violação ética ao tentar ludibriar o ora denunciante (Paulinho) com as mesmas mentiras endereçadas ao MPF e que gerou o indevido arquivamento", afirma o documento.

"Estou dando a oportunidade para que ele possa se explicar", afirmou Paulinho após protocolar a representação. O deputado negou retaliação ao processo contra Eduardo Cunha. Ele disse que somente agora conseguiu levantar toda a documentação e, por isso, há coincidência das representações.

Logo após a entrevista de Paulinho da Força, Chico Alencar falou com a imprensa. Como ambos se cruzaram, houve um rápido bate-boca entre eles, deputados e assessores que os acompanhavam.

Veja como foi a conversa:

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Alencar negou as acusações e fez críticas a Paulinho. Disse que a representação trata-se de uma "manobra evidente de que (Paulinho) foi orientado por Eduardo Cunha". "Trata-se de um 'Paulinho Mandado' para criar cortina de fumaça", disse Alencar, em alusão à expressão "pau mandado" atribuída pelo doleiro Alberto Youssef ao então deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado de Cunha e hoje titular do Ministério de Ciência e Tecnologia. "A gente está vivendo no intestino grosso da pequena política", afirmou Chico Alencar.

O líder do PSOL acusou um assessor da Corregedoria da Casa de se passar por funcionário da presidência da Câmara para recolher documentos contra ele. O corregedor da Câmara é Carlos Manato (ES), deputado pelo Solidariedade, mesmo partido de Paulinho da Força.

Manato disse ao Estado que a Corregedoria não tem qualquer ligação com o pedido dos documentos. "Isso não é assunto da Corregedoria. Ele (o assessor) é ligado ao Paulinho, tem uma amizade com o Paulinho. Paulinho que pediu os documentos. Pode (o assessor) ter usado uma fala mal feita", disse o corregedor, que conversará com o servidor na próxima semana. "Vou conversar com ele para saber por que ele foi lá. Ele não pode fazer isso em hipótese nenhuma, ainda mais sendo funcionário da Corregedoria", afirmou Manato. 

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