Em discurso na cerimônia de abertura da VI Conferência de ministro da Defesa das Américas, o vice-presidente e ministro da Defesa brasileiro, José Alencar, deu duros recados aos Estados Unidos. Ele rechaçou a proposta norte-americana de que as Forças Armadas mudem seu papel constitucional de defesa da soberania e do território, para se dedicar ao combate aos terrorismo e ilícitos transnacionais, como o narcotráfico. "É natural e necessário que se mantenha o direito soberano de cada Estado de identificar suas próprias prioridades nacionais de segurança e defesa". Depois, defendeu que as potências altamente armadas adotem medidas concretas na busca do desarmamento. Ainda em seu discurso, Alencar condenou a disposição dos EUA que, junto com o Canadá, quer transformar a Junta Interamericana de Defesa (JID), uma instância de assessoria militar dos países do continente, num órgão operativo nas Américas na área de defesa e segurança. O vice-presidente também criticou o uso unilateral de força no cenário internacional, justificando que "a ação internacional, na medida que afete a comunidade das nações, deve partir de entendimentos e decisões multilaterais". Depois de salientar que a comunidade internacional enfrenta hoje antigas e novas ameaças, condenou os que "privilegiam o uso da força para combater as chamadas novas ameaças representadas pelo terrorismo internacional e pela proliferação de armas de destruição em massa". Alencar, que está em viagem de três dias ao Equador, esteve, na manhã desta quarta-feira, ao lado de 33 outros ministros da Defesa das Américas e do presidente do Equador, Lucio Gutierrez. Além do encontro com o secretário norte-americano, Donald Rumsfeld, foram confirmadas reuniões bilaterais com os ministros da Defesa do Canadá, da Guatemala, do Paraguai, da Colômbia, do Chile da Argentina.