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Aldo não recua e diz que ´Stalingrado´ será no plenário

´Vamos ao combate´, disse o atual presidente da Câmara à Reuters. Ele consultou aliados e avaliou que o apoio tucano não define o jogo em favor do petista

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB-SP) decidiu manter sua candidatura à reeleição apesar de o PSDB ter definido nesta quinta-feira apoio ao candidato petista Arlindo Chinaglia (SP). "Vamos ao combate", disse Aldo à Reuters pouco antes de chegar a seu gabinete na presidência. Rebelo fez consultas à bancada do PCdoB e ao líder do PFL Rodrigo Maia (RJ), além de outros aliados, e concluiu que o apoio anunciado pelo líder do PSDB, Jutahy Junior (BA), não define o jogo em favor de Chinaglia. "É uma operação Barbarossa, que dá impressão de força no início, mas nossa Stalingrado é no plenário", afirmou Aldo a jornalistas, remetendo-se ao ataque nazista à antiga União Soviética, durante a Segunda Guerra Mundial, que começou arrasador e terminou com derrota. Apesar das expressões de guerra, Aldo se mostrou sereno na disposição de levar sua candidatura até o fim. Os aliados de Aldo Rebelo calculam que haverá deserções entre os tucanos, pois o líder Jutahy Junior avaliou as inclinações da bancada em consultas telefônicas, e não em uma reunião formal. Além disso, o apoio ao candidato petista contraria dirigentes e deputados tucanos, dentre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o deputado e ex-ministro Paulo Renato (SP). Disputas estaduais A decisão do PSDB foi fortemente influenciada pelo quadro político em São Paulo, onde o tucanato ligado ao governador José Serra precisa do apoio do PT para eleger o presidente da Assembléia. Tanto na Câmara quanto no legislativo paulista o argumento da troca de apoios foi o respeito ao princípio da proporcionalidade, pelo qual a maior bancada ou o mais numeroso bloco partidário tem a prerrogativa de indicar o nome para a presidência das Casas. Serra havia declarado adesão à candidatura de Aldo, que garante não ter sido informado da mudança de postura do governador paulista. "Eu posso falar dos meus apoios. O meu adversário que explique os apoios dele", disse Aldo. PSDB e PMDB Nesta quinta-feira, a bancada tucana declarou apoio a Chinaglia, aumentando o seu favoritismo na disputa. O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Junior (BA), fez um levantamento por telefone com 66 deputados que vão compor a bancada do partido a partir de fevereiro. O anúncio formal deverá ser feito ainda nesta quinta. O líder tucano, que está de férias em Guarapari (ES), pretendia reunir a bancada na próxima semana para aferir a tendência entre Aldo e Chinaglia. O apoio prometido pela maioria do PMDB ao petista, na última terça-feira, precipitou a decisão, que teve de ser tomada após consultas telefônicas aos eleitos. Anunciando já o apoio a Chinaglia, o PSDB vai garantir a primeira vice-presidência da Câmara, o terceiro cargo em importância na mesa diretora. O PMDB, dono da maior bancada, mas sem candidato próprio, ficará com a primeira secretaria, segundo posto mais cobiçado, depois da presidência. Levantamento do Estado´ - publicado nesta quinta-feira - com 71% dos deputados que votarão em fevereiro indica que Chinaglia levaria a presidência da Câmara por pequena vantagem. Todos os 513 deputados eleitos ou reeleitos em 2006 foram procurados. Destes, 365 (71% da Casa) aceitaram revelar seus votos, sob a condição de não terem o nome publicado. Chinaglia obteve 131 votos dos entrevistados, ou 35,9%, ante os 104 votos (28,5%) de Aldo. Este texto foi ampliado às 20h57

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