O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), completou nesta quinta-feira, 30, o primeiro escalão de seu futuro governo, mas não incluiu o PMDB na partilha. A sigla foi a única entre as principais aliadas ao tucano que não obteve assento em uma das 26 secretarias paulistas.
A bancada peemedebista e a equipe de transição de Alckmin negociavam a pasta de Agricultura e Abastecimento. No entanto, conforme o governador eleito anunciou, a secretaria permanecerá sob o atual gestor, João Sampaio, que foi indicado ao cargo em 2007 pelo ex-governador José Serra (PSDB).
Indagado sobre a ausência do PMDB em seu governo, Alckmin sugeriu que manterá portas abertas para o partido a partir do ano que vem. "Serão quatro anos de governo e vamos estar sempre conversando com o PMDB para ajudar a população", afirmou.
A ideia, segundo interlocutores do tucano, é aguardar as definições internas dos peemedebistas. Com a morte do ex-governador Orestes Quércia e a ascensão do vice-presidente eleito Michel Temer, o partido passa por um rearranjo e elegerá novo presidente estadual.
"Foi um momento muito ruim, que prejudicou as conversas com o novo governo", observou o presidente em exercício do PMDB paulista, deputado estadual Jorge Caruso. Ele, que apoiou Dilma Rousseff durante as eleições, deverá convocar as eleições do partido em um prazo de 60 dias.
O futuro do PMDB paulista inclui ainda a eventual migração do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para a sigla. A movimentação é avaliada com cautela pelos tucanos. No horizonte político, Kassab pode se tornar adversário de Alckmin nas eleições de 2014.
Anúncios finais. O governador eleito informou ontem que os deputados tucanos reeleitos José Aníbal e Julio Semeghini ficarão, respectivamente, com as pastas de Energia e Gestão Pública. Aníbal e Semeghini fazem parte do grupo de "escudeiros" fiéis a Alckmin contemplados no primeiro escalão do governo.
Além disso, o governador eleito confirmou a extinção da Secretaria de Comunicação, que passará a ser uma coordenadoria. "Acho mais importante que São Paulo tenha secretarias de Energia, Turismo e Gestão Metropolitana, que são coisas que servem mais diretamente à população, que uma Secretaria de Comunicação. Basta uma coordenadoria", disse.
De acordo com ele, a licitação de R$ 6 milhões para a próxima assessoria de imprensa dos Bandeirantes será mantida. As empresas já apresentaram suas propostas, mas o resultado ainda não foi anunciado.
Perfil. No xadrez final, Alckmin manteve em 26 o número de secretarias, mas mudou drasticamente seu perfil. Dos 26 ocupantes de cadeiras do Palácio dos Bandeirantes, apenas 6 fizeram parte da gestão Serra.
Além disso, Alckmin incorporou o PSB à partilha de cargos ao oficializar o nome do presidente estadual da legenda, Márcio França, para a pasta de Turismo. Ele chegou a ser cotado para o Ministério dos Portos de Dilma.
O governador eleito contemplou ainda o PV com a pasta de Saneamento. Assumirá o deputado estadual Edson Giriboni. O PTB ficou com Esportes e o DEM, com Planejamento.
A NOVA CONFIGURAÇÃO NO BANDEIRANTES
Administração Penitenciária
Lourival Gomes, da gestão Serra
Agricultura
João Sampaio, da gestão Serra
Assistência e Desenvolvimento Social
Paulo Barbosa (PSDB), apadrinhado por Gabriel Chalita
Casa Civil
Sidney Beraldo (PSDB), ex-secretário de Gestão de Serra
Casa Militar
Coronel Admir Gervásio, nome de confiança de Alckmin
Cultura
Andrea Matarazzo (PSDB), mantido da gestão Serra
Desenvolvimento
Guilherme Afif Domingos, vice-governador eleito, cota do DEM
Desenvolvimento Metropolitano*
Edson Aparecido (PSDB), escudeiro de Alckmin
Direitos da Pessoa com Deficiência
Linamara Rizzo Battistella, mantida da gestão Serra
Economia e Planejamento
Emanuel Fernandes (PSDB), escudeiro de Alckmin
Educação
Herman Jacobus Cornelis Voorwald, ex-reitor da Unesp
Emprego e Relações do Trabalho
Davi Zaia, cota do PPS
Energia*
José Aníbal (PSDB), escudeiro de Alckmin, coordenou seu programa de governo
Esporte e Lazer
Jorge Pagura, entra na cota do PTB
Gestão Pública
Júlio Semeghini (PSDB), escudeiro de Alckmin
Fazenda
Andrea Calabi, com bom trânsito tanto na ala serrista quanto alckmista do PSDB
Habitação
Silvio Torres (PSDB), escudeiro de Alckmin
Justiça e Defesa da Cidadania
Eloisa de Souza Arruda, indicação de Alckmin
Logística e Transportes
Saulo Abreu, nome de confiança de Alckmin, foi seu secretário de Segurança Pública
Meio Ambiente
Bruno Covas (PSDB), deputado estadual, neto de Mário Covas
Procuradoria-Geral
Elival da Silva Ramos, próximo de Alckmin, reassume o cargo
Saneamento
Edson Giriboni, cota do PV
Saúde
Giovanni Guido Cerri, médico ligado a Serra
Segurança Pública
Antônio Ferreira Pinto, da gestão Serra
Transportes Metropolitanos
Jurandir Fernandes, nome de confiança de Alckmin
Turismo*
Márcio França, cota do PSB