Alckmin faz balanço do governo; segurança é ?desafio?

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) admite que a questão da segurança é ponto fraco da sua gestão. "Reconheço que esse é um grande desafio e a resposta vai ser trabalho e mais empenho." Em entrevista exclusiva à Agência Estado, Alckmin fez um balanço dos seus seis meses na chefia do Executivo paulista, que passou a exercer efetivamente a partir da morte do governador Mário Covas, no dia 6 de março. Segundo Alckmin, seu governo é uma continuidade administrativa da gestão Covas, de quem foi vice por seis anos, com os mesmos valores e princípios. "Não tenho esse espírito marqueteiro de pegar um item e ficar batendo, batendo, batendo. Acho que um governo você julga pelo todo, a soma das pequenas obras. Qual é minha marca? A marca verdadeira do meu governo é a austeridade, o enorme esforço fiscal, de respeito ao dinheiro público, e investimentos na área social, saúde, educação, segurança, que só é possível com esse ajuste fiscal", disse. A preocupação constante do governador com a segurança pode ser atestada pelo cuidado com que acompanha as obras de desativação total do Complexo Carandiru, que pressupõe a transferência dos presos para onze novas penitenciárias. A previsão é de que as obras estejam concluídas em 2002. Segundo Alckmin, o grande símbolo da falência do sistema penal brasileiro é a Casa de Detenção. "Como é que você pode ter num local 7.500 homens presos? Nós vamos transformar esse símbolo da falência em 11 penitenciárias menores, com oficinas onde os presos vão trabalhar; cozinhas, onde eles vão fazer a própria comida, e só aí vamos economizar R$ 8 milhões por ano em ´quentinhas´. E a Detenção vai ser um grande parque para a cidade, com área verde, lazer, esportes, cultura, um belo presente. Lá dentro tem cinco hectares de Mata Atlântica preservada", disse. Ao comentar o episódio Sílvio Santos, o governador foi discreto. Sua atitude no caso Silvio Santos quebrou esse padrão, ao decidir, num gesto considerado polêmico, participar da operação policial que libertou o empresário, mantido refém durante sete horas pelo mesmo homem que seqüestrara sua filha, nove dias antes. Alckmin disse que não agiu preocupado com a repercussão do caso e não se abala com as críticas dos especialistas, de que teria aberto um grave precedente. "Agi de acordo com minha consciência. Tenho um aprendizado de vida, que a medicina me ensinou. Não tem nenhuma relação com política ou eleição. E tanto agi correto que a questão se resolveu rapidamente", disse. Na entrevista, ele também falou sobre metas administrativas, queda da arrecadação, ajuste fiscal e o processo sucessório. A seguir, os principais trechos: Ajuste Fiscal - "Um conjunto de medidas de austeridade permitiu que, mesmo com toda a crise que está aí, aumentássemos em 20% o superávit primário, comparado com 2000. Estamos, por exemplo, comprando na Bolsa Eletrônica o que permite uma economia de até 20%. Mas o rigor fiscal não é um fim em si próprio. Não é uma visão economicista e sim um instrumento para melhorar a vida das pessoas porque se não sobrar recursos não dá para investir na área social." Eleição paulista - "Não é hora de discutir esse tema. Acho que minha colaboração no processo, como soldado raso, foi até a de brecar um pouco essa discussão. Vou participar no momento oportuno. Eleição é em ano par, nós estamos em ano ímpar. Agora é hora de o partido se fortalecer no Estado, hora de discussão interna. Precipitar o debate eleitoral só interessa à oposição." Eleição presidencial - "Não é que o partido esteja desunido, a característica dele é ser um partido de quadros, não tem dono, é democrático. No momento oportuno escolherá, em convenção, o candidato para sucessão presidencial. Mas candidatura não é fruto de voluntarismo, é resultante de um entendimento partidário. Os nomes com maior densidade, capacidade de aglutinação, capacidade de governo, os intérpretes da sociedade, vão aflorando naturalmente." Segurança - "O Primeiro Comando da Capital (PCC) está quebrado, quebrado e mudo. O que aconteceu é que São Paulo teve a coragem de pôr o dedo na ferida. Transferimos os líderes do movimento, daí a rebelião em 29 penitenciárias. Mas não cedemos às exigências do crime organizado. Em 90 dias vamos entregar outra penitenciária de segurança máxima, em Presidente Bernardes. E estouramos a maioria das centrais telefônicas do PCC", disse. "A toda hora estou olhando a Internet. Rebelião, assalto, homicídio, vou direto na notícia e, muitas vezes, os crimes não são aqui. Nosso problema é mais agudo por causa do tamanho, uma região metropolitana com 17,5 milhões de pessoas, oito mil quilômetros quadrados e grandes desigualdades sociais. Mas há um empenho absoluto nessa questão da segurança. Todos os índices diminuíram, exceto os de seqüestro, que aumentaram por causa da migração de crimes", completou o governador. Saúde - "Retomamos o Hospital de Bauru, parado há 10 anos e também o de São José dos Campos. Colocamos em licitação duas grandes ampliações e reforma: o Hospital da Criança Darcy Vargas e outro, em Mogi das Cruzes." Educação - "Só no Programa Profissão, são 50 mil jovens, com mil horas-aula de curso profissionalizante na área de serviços; sete mil professores da rede paulista que passaram a ter curso de pedagogia pago pelo Estado; além da maior compra de livros não didáticos da história do Brasil, com R$ 18 milhões para a compra de mais de dois milhões de livros a serem escolhidos pelos alunos." Saneamento Básico - "Estamos fazendo seis piscinões na bacia do rio Tamanduateí e também contratando a licitação para o rebaixamento da calha do rio Tietê, um projeto que vai iniciar no final do ano e que vai aprofundar em cerca de três metros o leito do rio."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.