Alckmin é contra intervencionismo do governo na economia

"O governo cria as condições possíveis, estimulantes, para que a atividade e o empreendedorismo floresçam"

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Por Agencia Estado
Atualização:

No seu primeiro dia como candidato à presidência pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, manteve o discurso que vem fazendo há vários meses, o de que o trabalho está acima dos interesses políticos e de governo. O governador defendeu uma postura menos intervencionista do Estado na economia e ressaltou que o governo deve se portar apenas como um indutor do desenvolvimento. "O governo não gera emprego, quem gera emprego é a iniciativa privada. O governo cria as condições possíveis, estimulantes, para que a atividade e o empreendedorismo floresçam", disse. Falando, hoje pela manhã, para uma platéia formada por cerca de mil jovens empreendedores, o governador discorreu sobre o papel do Estado, a importância da iniciativa privada, do empreendedorismo, dos valores familiares e religiosos. "Não pretendo fazer campanha como coruja a piar mau agouro, mas fazer uma campanha voltada para o futuro, com um grande projeto para o País", afirmou em breve entrevista coletiva concedida antes da abertura do 10º Congresso Mundial de Jovens Empreendedores. Alckmin rejeitou ser do chamado de anti-Lula. "Sou pró-Brasil e não sou anti ninguém. Não vou fazer campanha contra ninguém e tenho respeito pessoal pelo presidente Lula", salientou. Para Alckmin, é preciso que o governo e a iniciativa privada ajam para garantir a geração de empregos, fator determinante, de acordo com ele, para o bem-estar social. "A obra-prima do Estado é a felicidade das pessoas. Ela se faz com aquilo que há de mais importante, que a realização do ser humano através do trabalho. Ser útil ao seu semelhante e à sociedade", afirmou o candidato tucano. Citando o Papa João XXIII, Alckmin destacou que "o desenvolvimento é o nome da paz. Porque não há paz verdadeira onde há miséria, onde não há oportunidade de desenvolvimento". Com uma postura efetiva de candidato, Alckmin disse ainda que "o Estado é apenas o agente político da nação. A nação é muito mais importante. São as pessoas, os costumes, a religião, o idioma, a memória dos que morreram. É a luta do presente. É a esperança no futuro". Conservadorismo O governador disse há pouco receber "com bom humor" as avaliações políticas de que sua candidatura, em um eventual governo, estaria posicionada no campo da direita e de ele ser um conservador. "Vejo com enorme humor e vão levar um belo susto", prometeu Alckmin, referindo-se àqueles que apostam no conservadorismo dele. "Não tenho compromisso com imobilismo, pelo contrário. Temos de ter um país onde os filhos possam ter uma vida melhor do que a dos pais, de mobilidade social", acrescentou, em entrevista coletiva, após assinar um convênio com a Fundação Roberto Marinho e com o Sebrae, para a produção e exibição de um telecurso para estudante do ensino técnico. Alckmin insistiu que não tem "compromissos com privilégios" e que sua opção de governo será de priorizar o crescimento econômico do País, acompanhado de justiça social, "melhorando a vida dos pobres", estimulando, principalmente, a educação no Brasil. "O susto será no bom sentido porque nós vamos chacoalhar as estruturas", observou, em tom de campanha. Desincompatibilização O governador de São Paulo confirmou que só deixa o cargo para se engajar na campanha presidencial na data-limite estabelecida pela Lei, ou seja, 31 de março. "A agenda, até o dia 31 de março, que é a data da desincompatibilização, é de dedicação às tarefas do governo do Estado", disse Alckmin que, somente hoje, participa de três eventos como governador de São Paulo. "No dia 31 vamos transferir o cargo ao professor Cláudio Lembo, que já está há dois anos e meio conosco, bastante preparado para dar continuidade a esse trabalho. Aí sim vamos nos dedicar, a partir de abril, à tarefa que me parece mais importante, que é o projeto de futuro (para o Brasil)", disse. Vice Geraldo Alckmin, reiterou o desejo de fechar uma aliança como PFL e abriu a porta para uma negociação como PMDB. Entretanto, ele disse não haver compromisso firmado com o PFL e que, a indicação de um vice pelo partido liberal, vai depender das conversas que se iniciam agora. "Não há nenhum compromisso. O PFL tem um compromisso com o prefeito do Rio de janeiro, César Maia", disse. Alckmin, entretanto, fez questão de ressaltar: "Se depender de nós, vamos estar juntos". Hoje pela manhã, o prefeito carioca afirmou que a indicação de Alckmin "abre espaço" para que o PFL volte a discutir uma candidatura própria. Maia era um dos defensores da candidatura do prefeito da capital paulista, José Serra. O governador lembrou que foi ele quem comandou o processo que levou o PFL a integrar sua chapa em 2002, com a indicação do seu vice, Cláudio Lembo. "Em 2002 fiz aliança com o PFL. Tanto é que o professor Lembo assume o governo do Estado de São Paulo e ele vai estar em boas mãos", afirmou. Apesar do interesse explícito, Alckmin se furtou a responder perguntas sobre o nome do eventual vice ou sobre a região de origem do companheiro que gostaria de ter na sua chapa. O candidato do PSDB também demonstrou interesse pelo eventual fechamento de uma aliança com o PMDB, partido que briga internamente para lançar candidato próprio. "O PMDB tem uma convenção marcada para domingo e nós respeitamos. Claro que nós temos estima pelo PMDB. O partido é meio primo nosso, porque nós, quase todos os tucanos, somos originários do velho e bom ´manda brasa´, do antigo MDB. Somos todos do MDB, lutamos pela redemocratização e depois saímos para fundar a social democracia", disse. Alckmin também destacou que as alianças do PSDB devem ser feitas com vistas no projeto de governo e não só com o objetivo de vencer as eleições. "Sempre defendi as alianças, não só para ganhar as eleições, mas para governar. O Brasil não tem um quadro bipartidário. O Brasil tem um quadro multipartidário. Agora, o importante é fazer alianças em termos de projetos, de propostas, de compromissos." Estado de São Paulo A discussão em torno da sucessão em São Paulo ainda não foi iniciada de fato, segundo informou o governador Geraldo Alckmin. Segundo ele, este é um tema que entra agora nas discussões do PSDB. "O governo do Estado de São Paulo é importante por si próprio e essa é uma discussão que será feita daqui para frente", disse. O candidato à Presidência disse não ter discutido com o prefeito José Serra a possibilidade deste encabeçar a chapa tucana para a eleição estadual, mas avaliou positivamente o nome de Serra. "É óbvio que é um ótimo nome, mas essa é decisão do prefeito. Isso não foi conversado. Esse é um tema que começa daqui para frente", reiterou. Sobre o processo que levará à indicação do candidato ao pleito estadual, Alckmin defendeu o entendimento, conforme ocorreu na confirmação do seu nome para a chapa presidencial. "Sempre que puder ter entendimento, ótimo. Se precisar ter disputa tem", disse, lembrando que o partido já tem diversos pré-candidatos ao governo de São Paulo.

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