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Alckmin diz que em 2004 Kassab deu ''golpe'' para ser vice de Serra

Coordenação de campanha do DEM vê acusação como ?gota d?água? e escala um terceiro, Feldman, para reagir

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Por Silvia Amorim e Ricardo Brandt
Atualização:

A escalada de ataques organizada pela campanha do candidato do PSDB à prefeitura, Geraldo Alckmin, contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM) - a mais recente arma dos tucanos para garantir uma vaga no segundo turno da eleição - alcançou ontem o ponto mais alto até agora no enfrentamento entre os dois partidos na disputa em São Paulo. Depois de passar a semana explorando as alianças feitas por Kassab no passado com os ex-prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta, Alckmin acusou o adversário de ter dado um "golpe" para ser o vice do governador José Serra (PSDB) na eleição de 2004. "O Serra quase desistiu de ser candidato", afirmou Alckmin, ontem pela manhã, ao referir-se ao episódio em que Kassab foi lançado candidato a vice na chapa tucana à prefeitura. "O Serra queria como candidato o Lars Grael (colega de partido do prefeito). Depois se acertou e já estava escolhido praticamente o Alexandre Moraes (atual secretário municipal de Transportes). Foi um golpe na véspera da convenção (a indicação de Kassab)." A ofensiva faz parte da estratégia tucana de desconstruir o discurso de Kassab de parceria com Serra para, então, usufruir eleitoralmente, sem concorrência, da boa aprovação da gestão do governador. Imagens de Serra têm sido usadas por Kassab e Alckmin em seus programas de TV. RESPOSTA Menos de uma hora depois, as afirmações de Alckmin foram consideradas pela coordenação de campanha do DEM a "gota d?água" - e a senha para encerrar a divisão que havia até ontem entre os kassabistas sobre qual comportamento adotar e deflagrar um movimento de reação. A estratégia, num primeiro momento, é deixar o prefeito longe da trincheira e escalar terceiros para responder aos alckmistas. Ontem, foi escolhido a dedo o tucano Walter Feldman. Líder do governo Mário Covas na Assembléia por cinco anos, fundador do PSDB e atual secretário de Esportes de Kassab, ele atacou: "Ele (Alckmin) se esquece de que o apoio do DEM de Kassab foi fundamental tanto em sua eleição como governador como na disputa de presidente. O vice dele tanto no Estado como na disputa pela Presidência vieram do DEM." Feldman disse ainda que Alckmin adotou a política do vale-tudo. "Sou a favor da luta marcial, respeitosa. O vale-tudo nem no esporte é considerado. Será que agora pode dizer tudo, bombardear o passado e até as relações no futuro para ganhar uma eleição?" À noite, o programa do DEM mostrou Alckmin discursando em favor da chapa Serra-Kassab quando ela foi lançada, em 2004. Mas o candidato não se manifestou no programa sobre a artilharia tucana. Para os kassabistas, a candidatura continua em tendência de crescimento e qualquer alteração de rota a duas semanas do pleito pode representar um erro incorrigível na reta final. Por parte dos alckmistas, a ordem é continuar a artilharia em cima de Kassab, iniciada na semana passada. RECOMENDAÇÃO A subida de tom de Alckmin vem contra todas as recomendações da cúpula do PSDB. No início da semana, o presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), depois de conversar com o presidente do DEM, Rodrigo Maia, e o presidente de honra da sigla, Jorge Bornhausen, pediu cautela ao coordenador-geral da campanha de Alckmin, deputado Edson Aparecido. A preocupação dos caciques de ambos os lados é com um esgarçamento da aliança PSDB-DEM, o que poderia prejudicar uma parceria na disputa presidencial de 2010. A ofensiva pode ser também um tiro no próprio pé, uma vez que, se o tucano passar para o segundo turno, poderá ter problemas para trazer o antigo aliado para seu lado. Alckmin insistiu no discurso de que está fazendo apenas "considerações políticas e administrativas" sobre Kassab e não há motivos para PSDB e DEM não estarem juntos no segundo turno. No front alckmista, os ataques têm sido comemorados. A avaliação é de que eles fizeram o tucano parar de cair nas pesquisas. Na última sondagem do Datafolha, divulgada na quinta-feira, Alckmin oscilou 2 pontos - de 20% para 22% -, enquanto Kassab ficou estacionado nos 22%. Embora não digam explicitamente, aliados do tucano não demonstram preocupação com a eventual ausência do DEM no palanque de Alckmin se ele conseguir chegar ao segundo turno. Avaliam que os votos do prefeito passariam automaticamente para o tucano independentemente de Kassab declarar ou não apoio ao antigo aliado.

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