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Alckmin diz que acusações contra Doria em prévias do PSDB são 'ridículas'

Tucanos acusam o pré-candidato, que é apoiado pelo governador de São Paulo, de abuso de poder e querem impugnar a sua candidatura

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Marcelo Andriotti
Atualização:

Poucas horas depois de encerrada a apuração do 1.º turno das prévias do PSDB – que definirão o candidato da legenda em São Paulo –, o governador Geraldo Alckmin classificou nesta segunda-feira, 29, de “ridícula” a acusação de abuso de poder econômico e uso da máquina pública por parte do empresário João Doria, que é seu aliado.

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“Falar disso (abuso de poder econômico) em uma disputa com a participação de milhares de pessoas é absolutamente ridículo”, afirmou Alckmin. A declaração se refere às acusações feitas por aliados do vereador Andrea Matarazzo e do deputado Ricardo Tripoli, que anteontem se uniram para tentar impugnar a candidatura de Doria.

Na votação, tensa e marcada por brigas entre militantes tucanos, Doria recebeu 2.681 votos, contra 2.015 do vereador Andrea Matarazzo e 1.387 do deputado Ricardo Tripoli. O 2.º turno entre os dois primeiros colocados será no dia 20 de março.

O governador Geraldo Alckmin e o empresário João Doria Jr Foto: FELIPE RAU|ESTADÃO

O pedido de impugnação foi assinado por dois integrantes da cúpula nacional do PSDB: o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente do partido, e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal.

Os advogados do partido pediram um prazo de 72 horas para avaliar o caso. Juntos, Matarazzo e Tripoli têm maioria na direção do PSDB na capital. Mas, caso a impugnação seja aprovada, o caso seria submetido ao diretório estadual, que é controlado pelo governador. “O que rege as prévias do partido é o estatuto do PSDB, não o Tribunal Regional Eleitoral”, afirmou Doria.

“O pedido de impugnação faz todo o sentido pelo horror (votação) que assistimos ontem (anteontem). Teve até churrasco em local de votação, fiscal que não era filiado e vários flagrantes de abuso de poder econômico”, rebateu Matarazzo.

O comando municipal do PSDB é dominado por aliados de Matarazzo e Tripoli e, por isso, tende a aceitar o pedido de impugnação. A avaliação entre aliados do vereador, porém, é de que, caso fosse aprovado o procedimento, o caso subiria para o diretório estadual, que é controlado por aliados do governador.

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“O problema é que ainda não estamos acostumados com essa disputa democrática. Estamos acostumados a ‘partido-cartório’, de livro de ata, que decide o candidato em mesa de restaurante, com vinho importado”, criticou o governador na manhã de ontem, em Campinas.

Primárias. Além de criticar o pedido de impugnação, Alckmin elogiou o mecanismo das prévias. “A democracia tem que começar dentro de casa. Acho que a prévia oxigena o partido, aprofunda temas, ouve mais pessoas. Prévia é assim mesmo, tem disputa, debate. Acho que deveríamos até avançar e passar de prévias para primárias, como ocorre nos Estados Unidos”, afirmou.

O governador voltou a usar o exemplo dos EUA para defender o mecanismo de eleição interna direta. “Não teríamos um estadista como o (Barack) Obama se dependesse do establishment. Um candidato negro, com sobrenome Hussein, nascido no Havaí, só conseguiu ser candidato e presidente porque mostrou suas ideias e propostas nas primárias”, disse.

Alckmin esteve em Campinas em um evento de homenagem aos 20 anos de morte do prefeito José Roberto Magalhães Teixeira.

Votação. Apesar do acirramento da disputa interna, o número de eleitores das prévias registrado ontem, 6.216 votos, foi menor do que na disputa interna de 2012. Naquele ano, o hoje senador José Serra venceu no 1.º turno com 52,1% dos 6.229 votos. Seus concorrentes foram José Aníbal e Ricardo Tripoli, que receberam, respectivamente, 31,2% e 16,7%.

Para os tucanos o resultado de ontem serviu como um parâmetro do eleitorado tucamo nesta disputa. / COLABOROU RICARDO CHAPOLA