Alckmin defende ?ajuste fiscal 2?

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Por Agencia Estado
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Dono de um fino senso de humor, dos que preferem os "causos" às piadas, o governador Geraldo Alckmin recorreu ao cinema para anunciar a segunda fase do ajuste fiscal no Estado, ontem, na sua primeira reunião com o secretariado. "Todo o filme que fez sucesso virou série", disse Alckmin, e lembrou "Tubarão" e "Tubarão 2", "Esqueceram de Mim" e "Esqueceram de Mim 2". "Hoje, estou aqui para lançar a continuação de um grande sucesso da gestão Mário Covas, o ajuste fiscal 2." A preocupação de Alckmin em manter o rigor fiscal, convocando os secretários à prática do que chamou de "sintonia fina" ou "ajuste na casa dos centavos", se deve à euforia causada pela série de recentes matérias enfatizando o estado financeiro do Estado: sem dívidas e com R$ 7 bilhões em caixa. "Temos recursos, as finanças estão equilibradas e o governo paulista poderá realizar um conjunto de investimentos sem igual. Mas só temos recursos porque tivemos critério", afirmou. Apesar de não ter um rombo orçamentário pela frente, Alckmin adotou para os próximos 20 meses de governo o lema do primeiro mandato de Covas: "não gastar mais do que se arrecada". E, nesse limite de gastos, além de medidas como a redução do número de imóveis alugados e o aumento do uso da Bolsa Eletrônica de Comércio, Alckmin anunciou também o fim do "fato consumado", fortalecendo indiretamente o trabalho da Secretaria da Fazenda paulista e seu titular Fernando Dall´Acqua. Fato consumado - "As vezes, os secretários estaduais assumem compromissos, gastos com pequenas obras, e não têm dinheiro para isso no orçamento da sua pasta. Essa obra acaba virando um fato consumado e vai bater na porta da Fazenda", explicou um assessor do Palácio dos Bandeirantes. Futuras promessas deverão obrigatoriamente ter a verba correspondente. "Eram coisas pequenas, mas se os 645 prefeitos pedissem alguma coisa, por exemplo, todas elas iriam desembocar na Fazenda", completou. Na reunião, Alckmin deixou claro aos secretários que o ajuste fiscal é uma "obra inacabável" - e não inacabada -, ao adiar a data de assinatura de um convênio com a iniciativa privada para a restauração de um prédio histórico. Os funcionários que trabalham no local teriam que ser transferidos para outro, durante o período da obra. "Primeiro vamos ver quanto irá custar esse deslocamento, acertar para onde eles vão. Só depois vamos assinar o convênio", argumentou Alckmin. A segunda fase do ajuste fiscal não tem uma meta numérica, mas a economia com obras, aluguéis e compras, justifica Alckmin, deverá reverter para os serviços públicos sociais. Ao contrário de Covas, que já tinha chegado ao topo da carreira política, Alckmin acaba de estrear na circuito tucano nacional. As imagens mostradas durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo - quando o então candidato Alckmin propunha "fechar as torneiras do gasto público" -, indicam que o "ajuste fiscal 2" será mais do que a continuação de um filme.

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