O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) reagiu hoje com indignação ao comentar a série de reportagens veiculadas pela TV Globo sobre a segurança nos Estados. As duas primeiras matérias, exibidas no Jornal Nacional de segunda-feira e ontem, denunciam a suposta ação de policiais corruptos nas polícias militar e civil paulistas. "Acho lamentável que se coloque depoimento anônimo em horário nobre. É de uma irresponsabilidade total", disse Alckmin. "Como é que um encapuçado, que ninguém sabe quem é, vem fazer denúncias maculando a corporação? Nem sabemos se ele é policial", completou. Na avaliação de Alckmin, a população não deve dar crédito às denúncias veiculadas no JN. De acordo com a matéria exibida na última segunda, um policial - com a identidade preservada - afirma que as chamadas ouvidas pelo rádio não são atendidas, para evitar confronto com bandidos; que a preferência é deter traficantes porque dá para negociar propinas, compensadoras diante do baixo salário de R$ 1 mil; e que os policiais que não aceitam trabalhar desse modo são rejeitados pelo sistema. Ontem, deputados estaduais e representantes de 14 entidades de classe e associações da PM e de 21 da PC, reunidos na Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa, criticaram a reportagem. Carlos Sampaio (PSDB), presidente da Comissão, reclamou junto ao departamento jurídico da TV Globo e a segunda matéria da série, mostrada na noite de ontem, já trouxe a opinião de policiais elogiando a corporação. Alckmin procurou destacar o profissionalismo das polícias militar e civil e frisou que denúncias anônimas não podem ser usadas para atacar uma instituição centenária. "Se há uma corporação que é respeitada pela sua disciplina e seriedade é a PM. S ão 83 mil homens e mulheres cumprindo o seu dever e quando há casos de corrupção ela se auto-depura", defendeu Alckmin. Segundo o secretário-adjunto da Segurança Pública, Mário Papaterra Limongi, é até provável que haja um grupo de policiais insatisfeitos. "Não somos contra a liberdade de imprensa, mas não podemos dar crédito à denúncias anônimas, que podem até ter sido feitas por pessoas que não são policiais", disse. Limongi disse ainda que o governo paulista deve aguardar o fim da série antes de tomar uma providência. De qualquer forma, tanto Alckmin quanto Limongi acreditam que não será fácil descobrir quem é o policial que fez as denúncias e se representa algum grupo dentro da corporação. "Como é que nós podemos responder a essa gente anônima? Nós vamos tenta r descobrir quem é, porque esse tipo de comportamento é para ser tirado da polícia. Esse tipo de coisa não pode existir", disse Alckmin. O governador Alckmin participou hoje da entrega de 336 apartamentos no Conjunto Habitacional Santo André, em Santo André, na região do ABC paulista.