Alckmin age para ‘virar’ voto em área petista

Por 2012, tucano abre queda de braço com Lula nas regiões metropolitanas do Estado

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Por Roberto Almeida
Atualização:

SÃO PAULO - Ao mesmo tempo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já entra nas articulações para ampliar o número de prefeitos do PT em São Paulo nas eleições de 2012, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) prepara uma ofensiva tucana. Ele tentará reverter, com atos cirúrgicos de governo, o histórico de derrotas para os petistas na área mais populosas do Estado, intitulada "Macrometrópole Paulista".

 

Como ponto de partida, Alckmin será alçado na quarta-feira à presidência da Câmara de Desenvolvimento Metropolitano, novo braço da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do governo estadual. Ele terá função de "autoridade metropolitana", com a missão de planejar as ações de governo do PSDB e coordenar sua execução.

 

 

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O tucano delimitou como foco de trabalho uma área de 44 mil km², englobando 153 municípios do Estado (veja mapa). Estão incluídas prefeituras comandadas pelo PT - o chamado "cinturão vermelho", com população superior à do cordão de municípios administrados por tucanos que se espalha pelo interior.

 

Alckmin quer emplacar marcas de sua gestão nessas cidades. "Teremos uma articulação clara e um avanço institucional", disse o secretário de Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, responsável pelo projeto.

 

As regiões delimitadas para a ação tucana são cruciais no jogo eleitoral. Elas detêm cerca de 30 milhões de habitantes (72% da população paulista). O resultado nas urnas terão repercussão direta na sucessão de Alckmin, em 2014, e também na corrida presidencial do mesmo ano.

 

Reservadamente, tucanos já demonstram preocupação com o cenário eleitoral paulista do ano que vem. Há, segundo eles, uma clara dificuldade em encontrar candidatos competitivos para o PSDB nessas áreas. A "autoridade metropolitana" seria capaz de impulsionar nomes da legenda para virar esse jogo.

 

Queda de braço. "Mas não adianta vir e dizer que vai ser assim, vai ser assado, só porque o Estado tem força, poder econômico, e implantar ações partidárias do PSDB", retrucou o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT). "Se o PSDB começar errado, vai dar tudo errado. Não pode existir tendência de priorizar A, B ou C."

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A percepção de Marinho sobre a ação tucana é recorrente entre prefeitos petistas ouvidos pelo Estado. O clima é de queda de braço entre o Palácio dos Bandeirantes e as prefeituras.

 

O prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), que diz contar com Lula como cabo eleitoral em 2012, foi irônico ao comentar as pretensões tucanas. "O governo do Estado está sem produto para mostrar. Percebeu que está perdendo o jogo nas cidades. O saneamento tem presença do governo federal com o PAC, drenagem é com o PAC, educação é do governo federal."

 

Prioridade. Alckmin quer que o primeiro resultado da operação seja marcante e, para isso, deu prioridade à criação do Bilhete Único Metropolitano, para mostrar integração das regiões que compõem a Macrometrópole.

 

Hoje, o sistema de bilhete único no transporte público é bandeira petista, criado pela então prefeita Marta Suplicy (PT). "Ele (o PSDB) pode absorver nossas marcas, mas o PT vai criar outras. Não vejo problema nisso, não", ressalvou o presidente do PT paulista, Edinho Silva.

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