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Albino afirma que era apenas procurador da KSI

Ele nega ser dono de empresa fantasma e diz que Renan e Olavo Calheiros são os únicos interessados em enviar recursos para Murici

Por Ricardo Brandt
Atualização:

José Albino Gonçalves de Freitas, o ex-assessor do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), garante que não é e nunca foi dono da KSI Consultoria e Construções Ltda. Em conversa telefônica com o Estado, ele disse que foi procurador da empresa durante um curto período, e o presidente licenciado do Senado e seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), eram os únicos interessados em enviar recursos para o município de Murici. "Não me lembro se era emenda de Renan ou de Olavo Calheiros - ou era um ou outro. Eu não posso dizer com certeza. Mas sei que eles são os únicos com interesse político em Murici", disse Albino. Mesmo assim, o ex-assessor afirmou que a construção das 28 casas com recursos da Funasa em Murici foi executada por uma terceira pessoa, que teria sido contratada pela KSI. "Essa obra de Murici, a pessoa que fez a execução disso foi um amigo nosso lá do Largo das Flores, no ano de 2004. Ele não recebeu a última parcela. Não tem empresa no mundo que agüente um negócio desse. Como é que um cara tem condições de começar uma obra?" Segundo Albino, o responsável pela execução da obra das casas foi uma pessoa de nome Clester. "Ele foi contratado como mestre de obras para executar. A empresa o contratou e ele executou." Trabalhando hoje no gabinete do deputado Chico Tenório (PMN-AL), Albino disse que ele e seu filho José Albino Gonçalves de Freitas Jr., foram procuradores da KSI e não donos. Seu filho é vereador na cidade de Paripueira, onde ele tem casa. Segundo a versão de Albino, o dono da KSI - uma pessoa que ele identificou inicialmente como Jaime - o teria procurado para pedir ajuda na construção de casas na cidade de Paripueira. "Essa empresa passou um período de 5 ou 6 meses enquanto tinha obra de interesse direto da gente em função da parte política. Ele ficou como... ele passou uma procuração." Posteriormente, indagado se ele conhecia José Viegas Tenório - nome que consta no registro da KSI -, Albino confirmou que esse era o dono. "Pronto, é Viegas, é ele mesmo." E completou: "Esse cara é de Pernambuco. Quando eu o conheci, ele participou de uma licitação em Paripueira. Ele pediu uma ajuda, arrumamos um canto para ele montar a filial. Eles alugaram duas casas, uma para escritório e outra que era onde eles guardavam os materiais, mas não tem mais." A obra de Paripueira, para construção de casas populares, foi executada em 2004. Segundo ele, depois disso eles perderam o contato. Albino disse saber que, além de Murici e Paripueira, tinha conhecimento de que a empresa executou obras em Marechal Deodoro. Sobre o nome de seu filho aparecer como signatário da KSI, em um contrato com a Prefeitura de Feliz Deserto, ele alegou que, como eles atuavam como procuradores nesse período, era normal que isso ocorresse. Confrontado com a informação de que antes de 2004 havia usado um escritório no bairro Levada, em Maceió, em nome da KSI, Albino alegou que desde 2002 estava em negociação a liberação do dinheiro para Paripueira. Depois de dizer que a empresa não existia mais, numa primeira conversa telefônica, Albino mudou a versão e disse não saber qual a situação dela. Numa conversa de 21 minutos na quarta-feira, por telefone, Albino entrou em contradição em alguns pontos, mas confirmou que prestou assessoria para o presidente do Senado. Indagado se teria atuado nos anos de 2002 e 2003 para o senador, ele respondeu: "Não, antes disso também eu já fui. Eu nunca fui funcionário, porque eu sou professor universitário aposentado e sou do governo do Estado. Eu prestava assessoria, é diferente. Tenho alguma amizade com ele, não tenho problema nenhum." Segundo Albino, desde as eleições para o governo do Estado em Alagoas ele deixou de trabalhar para Renan e mudou de lado, indo atuar para o maior rival do senador, o usineiro João Lyra.

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