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Alagoas enfrenta onda de greve de servidores públicos

Governador Teotônio suspendeu reajustes salariais alegando que a Lei de Responsabilidade Fiscal estava sendo desrespeitadas pelos governos anteriores

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) enfrenta uma onda de greves que pode paralisar totalmente os serviços públicos do Estado. As manifestações começaram na terça, com a deflagração da greve dos policiais civis, e tiveram continuidade nesta quarta-feira com a paralisação dos trabalhadores da educação e da saúde. Os servidores exigem a revogação do decreto governamental 3.555, que suspendeu todos os reajuste salariais concedidos ao funcionalismo público estadual em 2006. "Ou o governador devolve o dinheiro que tirou dos servidores ou ninguém volta ao trabalho", afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Girlene Lázáro. Segundo ela, o pacote fiscal do governo cortou pela metade os salários dos professores e atingiu cerca de 20 mil trabalhadores na educação. "Ô Téo Vilela, seu caloteiro, devolva o meu dinheiro e vá cobrar dos usineiros", gritavam os professores, durante a passeata que reunião cerca de 3 mil trabalhadores. A manifestação contou com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de partidos políticos. O presidente da CUT em Alagoas, Isack Jackson, lembrou que há exatos dez anos, em 17 de julho de 1997, os servidores em greve derrubaram o governador Divaldo Suruagy, que vinha acumulando várias folhas de pagamento em atraso. "Téo Vilela que se cuide, o servidor com fome derruba até o governador", afirmou Jackson, acrescentando que Teotônio estava seguindo à risca a receita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou o ano novo em Alagoas. Na quinta-feira, os servidores prometem uma manifestação ainda maior contra o governador, que suspendeu os reajustes salariais alegando que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estava sendo desrespeitadas pelos governos anteriores. "Se a folha de dezembro fosse paga com os reajustes iria comprometer cerca de 51% da receita líquida do Estado, quando o limite previsto pela LRF é de até 46,5%", justificou o secretário do gabinete Civil, Álvaro Machado. Delegacias fechadas Os argumentos da equipe do governo não foram aceitos pelos servidores da educação, da saúde, pelos policiais civis e peritos criminais, que decidiram entrar em greve. Nesta manhã, policiais civis impediram o funcionamento do Instituto de Identificação, no Centro de Maceió, e invadiram pacificamente o prédio da Secretaria de Defesa Social, no bairro do Farol, onde permanecem realizando piquetes e tentando conquistar os poucos companheiros que não tinham aderido à paralisação. Com a greve dos policiais, várias delegacias foram fechadas. A Delegacia de Roubos e Furtos transferiu todos os 21 presos da carceragem para o Sistema Prisional de Alagoas. A transferência é decorrente da paralisação das atividades determinadas pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) em represália ao decreto de Teotônio. Aquartelamento Na quinta-feira, os policiais militares realizam uma assembléia geral, e podem votar pelo aquartelamento da tropa. A revolta maior é entre os oficiais, que perderam um reajuste de 100% concedido em 2006, no governo de Ronaldo Lessa (PDT). Para evitar o aquartelamento, o governo do Estado ofereceu uma proposta de reposição salarial à categoria. Segundo o tenente-coronel Eduardo Lucena, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar, o governo propõe pagar 50% do que foi descontado na folha de janeiro e os outros 50% na folha de fevereiro, que a categoria recebe em março. A partir daí, os salários voltariam ao patamar de novembro de 2006. "Vamos ver se o governo coloca esta proposta no papel e na assembléia geral de quinta-feira discutiremos com a categoria", afirmou Lucena. Exército de prontidão Com a decretação da greve da Polícia Civil e o provável aquartelamento da tropa da Polícia Militar, o governador solicitou a presença de tropas do Exército para resguardar prédios públicos e a residência do governador. O coronel Asdrúbal Saraiva, comandante do 59º Batalhão de Infantaria Motorizado (59º BIMtz), confirmou o estado de prontidão pelas próximas 72 horas, mas não deu mais detalhes sobre a operação.

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