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Ala governista do PMDB articula para continuar no poder

Por Agencia Estado
Atualização:

A operação de representantes da cúpula do PMDB para articular a renúncia do presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), faz parte da estratégia da ala mais afinada com o Palácio do Planalto de facilitar a costura da unidade com o grupo ligado ao governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Enquanto alguns dirigentes negociam garantias a Jader, para apressar sua saída "sem arbitrariedade e sem humilhação", outros tentam convencer Itamar de que ninguém se opõe a sua candidatura ao Planalto, mas que ele não pode ser candidato e dono do partido ao mesmo tempo. "Compromissos públicos não são passíveis de traição", diz o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), ao salientar que ninguém do partido com quem ele conversa tem problemas pessoais com Itamar a ponto de recusar sua candidatura. Um recado claro ao governador mineiro, depois que seu vice, Newton Cardoso, confessou que Itamar insiste em disputar a presidência do PMDB na convenção de setembro com receio de que o partido lhe negue a legenda mais adiante, na corrida presidencial. É com este discurso que o deputado Michel Temer (PMDB-SP) encerrou a semana de articulações para eleger-se "candidato da unidade" à presidência do PMDB, em visitas a convencionais do Piauí e da Paraíba. Temer, que almoçou com Newton Cardoso em Brasília na quarta-feira, insistiu na tese de que uma boa garantia seria articular para os convencionais aprovassem a antecipação, para setembro, das prévias para a escolha do candidato da legenda ao Planalto entre Itamar e o senador Pedro Simon (PMDB-RS). Cardoso revelou, porém, que ainda assim o governador temia uma traição no futuro, porque ainda está "traumatizado" com o resultado da convenção de 1998, quando os governistas recusaram sua candidatura para reeleger o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Itamar não pode ter esta desconfiança, até porque ninguém o enganou em 1998", salienta o líder Geddel, lembrando que todo o seu grupo trabalhou abertamente pela reeleição de Fernando Henrique. "Naquela ocasião, o presidente estava bem e nós preferíamos apoiar a continuidade do projeto do candidato lançado pelo próprio Itamar e do qual participávamos", completa Geddel, ao ressaltar que a posição de seu grupo não surpreendeu ninguém na convenção. "A novidade que assustou a todos foi a pancadaria entre os convencionais, e não a posição política de cada um". Na mesma linha, Temer lembra que sempre agiu com transparência e foi assim quando batalhou pela reeleição do presidente. como líder do PMDB na Câmara. O que mais diferencia o cenário da eleição presidencial passada para esta de 2002 é que o favoritismo de Fernando Henrique não existe mais. Pior, reconhecem os peemedebistas aliados ao Planalto, o governo não tem sequer um candidato. "Nossa objeção não é à candidatura Itamar, na qual pragmaticamente sem hesitação, para garantir nossa sobrevivência política", garante outro dirigente do PMDB afinado com o governo. Segundo ele, o que os governistas e os independentes não identificados com o "itamarismo" não aceitam é a hipótese de dar o controle do partido a Itamar em setembro. "Se ele pegar a presidência e tornar-se dono do PMDB, vai acabar excluindo muita gente e isto não vamos admitir", resume o dirigente, deixando claro que a estratégia é forçar o governador a negociar com todo o partido sua candidatura. "Isto é bom para todo mundo até porque, sem o partido unido, a candidatura Itamar não chegará a lugar algum, como também não chegou Ulysses Guimarães, nem mesmo presidindo o partido".

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