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Ala feminina do PSB pede saída da líder do partido na Câmara

Tereza (MS) faz parte dos 'descontentes' com a executiva nacional e tem articulado com DEM e PMDB

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Por Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - A admissão pública da líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), de que há uma negociação aberta de migração para o DEM ou para o PMDB causou a fúria do segmento feminino do partido. Em nota divulgada nesta noite, a Secretaria Nacional de Mulheres do PSB pede que Tereza se antecipe ao processo de expulsão e deixe a sigla. "Exigimos que a pessoa em questão não espere o processo de expulsão por meio da representação no Conselho de Ética e que tenha a dignidade de deixar o PSB, antecipando-se assim a mais essa situação de desmoralização pública", diz a nota assinada por Dora Pires, secretária nacional. O documento foi aprovado, de forma unânime, pelas 11 mulheres que compõem a Executiva da Secretaria e foi distribuída à direção do partido, além das bancadas na Câmara e no Senado. A líder do partido na Câmara faz parte da ala governista do PSB e segue votando de acordo com a orientação do Palácio do Planalto, desobedecendo a determinação partidária. A sigla deixou o governo em maio, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS. Desconfortáveis no PSB, o grupo governista vem flertando com PMDB e DEM, o que causou ontem um atrito entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Embora sejam aliados, Temer e Maia disputam 16 dos 36 deputados do PSB. Na nota da ala feminina do PSB, Dora Pires diz que as manifestações públicas de Tereza Cristina sobre as negociações para migração de legenda representam a "desmoralização das mulheres socialistas e de esquerda" e pede sua saída imediata "das fileiras socialistas". "Não é possível que tenhamos que assistir a esse achincalhamento, a essa situação venal, a essa barganha desrespeitosa. Nós, mulheres do PSB, todos nós socialistas, eleitos ou não, devemos nos pautar e nos mover por causas que expressem o nosso programa e dignifique nossa história. Portanto, consideramos insustentável a permanência no Partido de quem não pensa e nem age conduzida por esses padrões, a exemplo da deputada Tereza Cristina e, principalmente, na condição de líder", emenda a mensagem. Mais cedo, Tereza adotou um tom pacificador e disse acreditar em uma reaproximação com o partido. "Quanto às especulações sobre a filiação de deputados socialistas a esta ou àquela legenda, enfatizamos acreditar, antes de mais nada, na retomada do diálogo com a Direção Executiva do PSB", disse a deputada em nota. A secretária nacional afirmou na nota que compreende "pensamentos diferentes" e até "algumas bandeiras próprias", mas diz que princípios partidários são "intocáveis". "Por isso mesmo, entendemos que a deputada exerça seu mandato individualista, represente os interesses da bancada ruralista e seu estilo próprio e nada socialista em um partido que aprove essa espécie de prática política. Que ela lute por isso. Mas não aqui, em um partido verdadeiramente socialista", declara Dora. 

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