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Ala do PT busca Kassab para superar teto histórico de votos em São Paulo

Petistas entusiastas da aliança com o prefeito avaliam que ele pode ajudar partido a exceder limite de 30%

Por Julia Duailibi e Daniel Bramatti
Atualização:

 Líderes do PT veem em uma aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) a oportunidade para romper o "teto" de votos do partido na capital paulista, estimado pelos próprios petistas em 30%, e quebrar a histórica resistência à legenda em uma área que ocupa metade do mapa da cidade, onde vivem 44% dos eleitores.

 

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Os bairros dessa área demarcam as zonas eleitorais onde o PT teve votação de 30% ou menos, em média, nas cinco eleições realizadas desde 2002. Eles formam uma mancha que parte da região central e chega a pontos extremos das zonas oeste e norte, mas não adentra a periferia do leste e do sul.

Essa área do mapa é a responsável pelo fato de todos os candidatos do PT à Presidência, ao governo e à Prefeitura terem sido derrotados na maior cidade do País nos últimos dez anos. Foi nesse enclave que Kassab colheu seus melhores resultados na última eleição, quando derrotou a petista Marta Suplicy.

 

"O PT nunca ganhou em São Paulo sem o apoio da elite", afirmou um líder petista que defende a aliança com o prefeito, ao comentar a vitória de Marta em 2000, quando ela teve o apoio do PSDB. A mando de Lula, o partido deflagrou operação para diminuir a resistência que a aliança desperta. A ação será feita pelos petistas com bom trânsito com o prefeito, como o presidente do PT estadual, Edinho Silva, e o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho.

 

Eleitorado

 

Entre os que resistem à ideia estão o presidente do PT, Rui Falcão, ex-secretário de Governo de Marta, e o ex-presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini. "Não é o problema de passar internamente", disse Carlos Zarattini, ex-secretário de Transporte de Marta. "É ver se o eleitorado vai achar uma coisa boa."

 

A orientação de Lula é para Fernando Haddad, pré-candidato do PT, não se envolver diretamente na negociação, deixando a articulação política para as lideranças do partido. Haddad já teve um encontro com Kassab.

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A ideia é que também seja feita uma convergência programática com o PSD, acatando propostas dos petistas. Além de afirmar que o acordo com Kassab é fundamental para romper o teto de votos no PT, Lula e outros petistas citam outros argumentos a favor da aliança. Primeiro, avaliam que ela consolida a aproximação nacional com o PSD, que apoia a presidente Dilma Rousseff. Acreditam ainda que, com dinheiro em caixa, cerca de R$ 7 bilhões, o prefeito conseguirá fazer sua aprovação, que ronda os 20%, subir pelo menos dez pontos porcentuais até a eleição.

 

O terceiro argumento - talvez o mais estratégico - é a ação comum na capital para fechar uma aliança na eleição para o governo do Estado em 2014. Aliado ao PT, Kassab pode ser candidato a governador, a vice ou a senador. Também é dada como certa a entrada do prefeito num ministério de Dilma no próximo ano.

 

A proposta de aliança do PT com o PSD deve ser aprovada no congresso municipal do partido, em junho, segundo petistas ouvidos pelo Estado. Até lá o PT contratará uma pesquisa qualitativa para medir a receptividade da proposta nas bases do partido e na classe média, da qual o PT quer se aproximar nesta eleição.

 

Perfil

 

As áreas onde o PT não superou os 30% dos votos nos últimos dez anos são contíguas, mas de perfil heterogêneo. Vão desde bairros de elite, como Jardim Paulista e Pinheiros - as zonas eleitorais com maior renda per capita da cidade, acima de R$ 4 mil por mês - até regiões onde convivem bolsões de classe média e média-baixa, como Jaçanã e Casa Verde. A zona norte é um dos principais focos de resistência aos petistas, juntamente com a zona oeste, onde o PSDB costuma alcançar altos porcentuais.

 

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