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Air France promete trocar sensores de Airbus, diz sindicato

Associação de pilotos da França disse que empresa substituirá peça no centro das discussões sobre acidente com voo AF 447.

Por Daniela Fernandes
Atualização:

Sindicatos de pilotos da Air France afirmaram nesta terça-feira que a companhia aérea anunciou ter proposto aos seus pilotos substituir, no prazo "de alguns dias", os sensores de velocidade de seus aviões Airbus A330, cuja possível falha está no centro das discussões sobre as causas do acidente com o voo 447 da companhia. Segundo os sindicatos, a Air France se reuniu com representantes dos pilotos da companhia na noite de segunda-feira, depois que um sindicato minoritário, o Alter, que representa apenas cerca de 5% dos pilotos, pediu para que os pilotos deixassem de voar em aviões Airbus A330 e A340 que não tiveram seus sensores de velocidade trocados. "A Air France propôs um calendário que prevê a substituição dos sensores em alguns dias", afirma Erick Derivry, porta-voz do SNPL, o maior sindicato de pilotos de linha, que representa 70% da categoria na Air France. De acordo com uma fonte sindical, "todos os voos de longa distância dos A330 e A340 serão equipados com pelo menos dois novos sensores de velocidade, dos três que existem no avião, a partir desta terça-feira". Segundo a fonte sindical, "isso será feito mesmo que ocorram atrasos". O porta-voz do SNPL, maior sindicato de pilotos da Air France, ressaltou, no entanto, que "as investigações ainda não estabeleceram uma relação entre os sensores e o acidente do voo 447". Tubos congelados Vários especialistas apontam a possibilidade de que os chamados tubos de Pitot, que medem a pressão do ar e permitem calcular a velocidade do avião, possam ter congelado, como já ocorreu outras vezes, como reconheceu a própria Air France em um comunicado divulgado no sábado. O congelamento dos tubos Pitot alteram as informações sobre a velocidade do avião e podem provocar sucessivas panes em diferentes sistemas que são alimentados por dados sobre a velocidade do avião, como o piloto automático. O órgão francês que investiga as causas do acidente já havia afirmado ter detectado "velocidades incoerentes" no Airbus A330 que decolou do Rio de Janeiro. E confirmou que incidentes com os sensores de aviões A330 já foram registrados "sem que isso representasse perdas significativas de altitude ou tornasse o avião perigoso", disse o diretor do órgão, Paul-Louis Arslanian. Comunicado Em um comunicado divulgado na noite de sábado, a Air France havia anunciado que diante dos questionamentos surgidos em relação aos sensores de velocidade do A330 e A340, a empresa decidiu "acelerar o programa de troca dos sensores". O programa havia sido iniciado no final de abril passado, segundo a empresa, que afirmou que a iniciativa "não pressupõe uma relação" com o acidente do voo 447. A Air France também informou nesse comunicado ter seguido uma recomendação do fabricante Airbus, feita em 2007, que previa especificamente a troca dos sensores de velocidade dos modelos A320, que tinham apresentado defeitos de funcionamento. A Air France afirmou não ter trocado os sensores dos outros modelos da família na época, o A330 e o A340, "porque tais incidentes não haviam sido constatados". De acordo como comunicado, a Air France afirma ter constatado incidentes de perda das informações de velocidade durante o voo de A330 "decorrentes do fluxo de gelo nos sensores" a partir de maio de 2008. A empresa diz ter feito reuniões técnicas com a Airbus, mas somente iniciou a troca de sensores em 27 de abril de 2009. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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