Agropecuária de Dantas tenta liberação do gado

Em pedido à Justiça, defesa comprometeu-se a provar que permissão de venda de reses ?não resultará em dilapidação do patrimônio da empresa?

PUBLICIDADE

Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo
Atualização:

A Santa Bárbara Xinguara - que a Polícia Federal sustenta ser o braço agropecuário do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity - requereu ontem à Justiça reconsideração parcial da ordem de sequestro de 27 fazendas e 453 mil cabeças de gado. A defesa da empresa pede autorização para manejo dos animais e sua comercialização. "O levantamento do sequestro dos animais configura a única forma de evitar a iminente paralisação das atividades da empresa e os consequentes prejuízos irreversíveis que daí decorrerão", assinalam os advogados Dora Cavalcanti Cordani e Rafael Tucherman. A defesa comprometeu-se a encaminhar mapas atualizados do gado "a fim de demonstrar que a permissão de venda das reses não resultará, de forma alguma, em qualquer espécie de dilapidação do patrimônio da empresa, ao contrário, permitirá que seu rebanho cresça de forma progressiva". A Santa Bárbara afirma que "manterá intacta a constrição que recai sobre as fazendas e benfeitorias nelas construídas, nas quais já foram investidos aproximadamente R$ 350 milhões". O sequestro foi decretado pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal. O juiz suspeita que Dantas teria usado propriedades rurais para lavar dinheiro ilícito de fraudes financeiras. A defesa destaca que nem a Polícia Federal nem o Ministério Público postularam que o sequestro recaísse sobre as reses, "mas exclusivamente sobre os imóveis". "Basta uma leitura do relatório final da Polícia Federal para se perceber o quão remota e abstrata é a suspeita a respeito da origem dos recursos utilizados pela Santa Bárbara na aquisição das fazendas." A defesa ressalta que o próprio magistrado, em sua decisão, autorizou o manejo do gado. Ao pedido de reconsideração, a agropecuária juntou dois pareceres técnicos, um de autoria do professor Virgilio Horácio Samuel Gibbon, da Fundação Getúlio Vargas no Rio, outro da consultoria especializada AgraFNP, que alertam para o risco de colapso da empresa, que possui 1.516 funcionários e garante aproximadamente outros 10 mil empregos indiretos, "o que permite concluir que a subsistência de dezenas de milhares de pessoas depende da regular atividade da requerente". A petição informa que mais de mil pessoas moram em residências funcionais da Santa Bárbara e 153 crianças estudam em escolas construídas e mantidas pela empresa. "Somente no Pará a empresa possui 750 fornecedores cadastrados."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.