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Agripino defende afastamento de Sarney

Por DENISE MADUEÑO E EUGÊNIA LOPES
Atualização:

A bancada de senadores do DEM já deu início à reunião para decidir se retira o apoio ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), envolvido em denúncias de irregularidades promovidas por atos secretos usados para criar cargos, nomear parentes e amigos e aumentar salários. O líder do DEM, José Agripino (RN), defendeu o afastamento de Sarney até que as investigações sejam concluídas. "Se tem um presidente do Senado acusado e no exercício do cargo, pode passar à opinião pública que a investigação não merece fé", afirmou Agripino.Mais cedo, antes da reunião, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), procurou Agripino para tentar convencê-lo a manter a bancada no apoio a Sarney. "Peçam-me tudo, menos que não proteja o meu partido", disse Agripino sobre o pedido de Renan. O DEM tem sido pressionado a ter uma posição de rompimento com Sarney. No fim de semana, Agripino visitou cerca de dez cidades em seu Estado e sentiu a pressão pela saída de Sarney do cargo. Além disso, politicamente, o apoio reiterado e explícito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Senado aumenta a pressão pelo rompimento do DEM com o peemedebista.O PMDB faz as contas e considera que não há número suficiente e adesões para cassação de Sarney. O próprio DEM ocupou a primeira secretaria da Mesa em várias gestões e não votaria contra Sarney com unanimidade, segundo avaliações de peemedebistas. Nesse mesmo entendimento, o partido considera que o apoio de Lula dá garantias a Sarney. Além da força política do presidente Lula, o PT deverá dar apoio ao presidente do Senado a pedido do presidente. A reunião, que estava marcada para esta tarde, foi adiada para hoje à noite.A preocupação do PMDB em manter a parceria com o DEM é grande, mas nas conversas de bastidores a cúpula do partido avalia que o fundamental mesmo é o apoio do Planalto. A experiência mostra que, se por um lado a situação de Renan começou a ficar insustentável na presidência do Senado quando o DEM o abandonou, por outro os peemedebistas avaliam que Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) só foi forçado a renunciar ao cargo quando o governo Fernando Henrique Cardoso retirou-lhe o apoio.

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