Em clima de ressaca pela absolvição de Renan Calheiros (PMDB-AL), parlamentares se movimentaram para tentar aplicar uma espécie de vacina ética no Congresso. Senadores de oposição e até mesmo da base aliada acertaram ontem que apresentarão um pedido de urgência para a aprovação dos projetos de resolução que tornam abertas as sessões destinadas a votar perda de mandato, hoje secretas, e fim do voto secreto em plenário para a cassação de mandato. Segundo os senadores, se o voto fosse aberto, Renan não teria sido absolvido. O fim do voto secreto exigirá a aprovação de uma proposta de emenda constitucional, uma vez que está previsto na Constituição. Três propostas sobre o fim do voto secreto já tramitam na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Na Câmara, porém, já há uma PEC em tramitação mais avançada. Relatora do processo de cassação contra Renan no Conselho de Ética, a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) propôs também a elaboração de um projeto conjunto para acabar com sessões e votos secretos. CIDADANIA EM CHOQUE Na Câmara, a Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto vai retomar a mobilização pela votação da proposta de emenda constitucional que acaba com o voto secreto em tramitação. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), coordenador da Frente, disse que o resultado de quarta-feira "chocou a cidadania". A proposta de emenda constitucional foi aprovada na Câmara em primeiro turno, por unanimidade, em setembro do ano passado, mas nunca foi votada em segundo turno.