Afastamento do partido começou com saída do Ministério do Meio Ambiente

Por João Domingos
Atualização:

A saída da senadora Marina Silva do PT foi anunciada por ela própria ontem, mas o processo começou ainda em maio de 2008, quando deixou o Ministério do Meio Ambiente e decidiu repensar sua vida. Já naquela época o PV lhe havia oferecido uma vaga no partido, mas ela preferiu ficar no PT, embora num processo de reflexão que a levou a conversas com familiares e amigos mais próximos, como o governador do Acre, Binho Marques, e os irmãos Jorge e Tião Viana, com os quais militou no PT por 30 anos. "Eu vinha refletindo internamente, com minha família, colocando em doses homeopáticas para meus companheiros que talvez eu não concorresse a um terceiro mandato, que poderia sair da vida política institucional", disse Marina. Sua intenção, até ser convidada pelo PV, era se dedicar a uma mobilização mais abrangente, estimular candidaturas e programas em todo o País comprometidas com a questão da sustentabilidade. Ao agradecer aos amigos com os quais conversou, Marina citou uma pequena lista de petistas: Ricardo Berzoini, presidente do PT, os irmãos Viana, Binho Marques, os senadores Aloizio Mercadante (SP) e Eduardo Suplicy (SP) e o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). Indagada das razões pelas quais omitira o nome do presidente Lula, alegou não te conversado com ele especificamente sobre sua saída do PT. Marina disse ainda que sua decisão não foi influenciada pelo fato de sua desafeta Dilma Rousseff ser a candidata de Lula em 2010. "Nunca me colocaria na condição de vítima da ministra Dilma. Ela tem os pontos de vista dela, os defende e é legítimo. Eu tenho os meus, os defendo e é legítimo. Por que eu defender os meus é legítimo e os dela a transformam em algoz?" Em seguida, Marina fez uma brincadeira consigo mesma. Ao deixar o Ministério do Meio Ambiente, disse que perdia o cargo, mas não o juízo. "Graças a Deus, encontrei na sociedade brasileira o respaldo suficiente para manter a coerência e até mesmo o pescoço."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.