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Afastamento de Aécio surpeende tucanos na Câmara

Primeira turma do STF determinou, nesta terça-feira, afastamento do senador de seu mandato

Por Daiene Cardoso
Atualização:

BRASÍLIA - A decisão da primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) do mandato e determinar seu "recolhimento domiciliar noturno" surpreendeu e deu um banho de água fria na bancada do PSDB na Câmara. Antes animados por causa da carta de desfiliação do PT divulgada pelo ex-ministro Antonio Palocci pouco antes, os tucanos ficaram cabisbaixos após a derrota de Aécio no Supremo, na noite desta terça-feira, 26. Em conversas entre eles, os parlamentares do PSDB tentavam entender os motivos da decisão. Deputados da bancada mineira e os mais próximos de Aécio não quiseram dar declarações, alegando desconhecimento do teor da ordem do STF. "A República e a democracia, que pressupõem a independência, a harmonia entre os Poderes e a observância da Constituição, vivem momentos originais e exóticos", limitou-se a dizer o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). O deputado mineiro procurou medir as palavras ao comentar a decisão, mas não conseguiu esconder sua indignação. "É mais uma porrada, né?", resumiu um tucano paulista. A primeira turma do STF determinou, por 3 votos a 2, o afastamento do senador das atividades parlamentares e de qualquer outra função pública, além do recolhimento noturno. O terceiro pedido de prisão de Aécio feito pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi negado. Os cabeças-pretas, como são conhecidos os deputados da ala jovem do PSDB, também estavam desconfortáveis com a medida e admitiam que a notícia causava embaraço ao partido. "Foi uma surpresa, não imaginava esse desfecho", comentou o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE). O pernambucano apostava que Aécio continuaria no mandato e se defendendo das acusações "normalmente". "A gente lamenta, lógico que lamenta, mas temos de entender o que aconteceu", respondeu a deputada Shéridan (PSDB-RR). A parlamentar é relatora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma política que cria cláusula de desempenho e determina o fim das coligações. Aécio é um dos autores do texto. Surpreso, o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) disse esperar o julgamento do mérito da matéria. "Afastamentos provisórios não são bons para o processo democrático", concluiu.

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